Artigo: Ódio cego, liberdade tardia e a nossa burrice de cada dia

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Por:  Sérgio A. Sant’Anna*

O dia Sete de Setembro chegará, passará e ficará a espera do próximo ano. A Semana da Pátria, cantada, desfilada e levada em peitos e cadernos com as cores da nossa bandeira já não desperta mais o patriotismo de outrora. Jovens são sucumbidos por vídeos em seus celulares que enriquecem a burrice e desestimula a sapiência.

 Amigos postam fotos dos desfiles cívicos apenas como obrigação, dever cumprido, compromisso e dia letivo (talvez), mas nada se compara ao amor (ou obrigação?) do pretérito. Isso tudo fruto de um presente catastrófico para o País. A corrupção que se impregnou pela nossa atmosfera política corteja uma corja de políticos nominaveis, porém os processos que se provoca, impedir-me-ão de citá-los. Esquemas, roubos, que se acumulam nas várias operações investigadas pela Polícia Federal. Mas, se lembram que a nossa história é a causadora de tudo. Convivemos com mentiras desde o descobrimento. Um Brasil habitado por índios sendo descobertos por portugueses que aqui chegaram e se intitularam donos daquele paraíso, que ainda não era fiscal, transformando os traços culturais indígenas em portugueses gálicos. Para isso exterminaram essa população, em troca levaram suas terras, estupraram suas índias e nada lhes deram, pelo contrário, endividaram esta Vera Cruz, levaram nossas riquezas.

 Mais tarde, quando a Côrte aqui já se encontrava, o filho rebelde resolve tornar-nos independentes, aos gritos à margem de um rio. De posse de um cavalo branco e robusto Dom Pedro I levava-nos a independência perante Portugal. Estávamos livres, todavia a duras penas, pois ele nos deixou, encomendou seu trono ao filho ainda menor de idade e aquele grito, que soou como um chamado para a confraternização,  transformou-se  naquele arroio, filete de água que jurava ser um rio. Hoje se poluiu. A corrupção também se assentou por aquelas bandas, transformou o País.

 Não há nada que comemorar mais? Talvez, há esperança depois de quatro anos catastróficos, mas não podemos nos resumir apenas às críticas ácidas a um partido. Devemos protestar sim, mas jamais nos esqueçamos que há aproveitadores dispostos às alianças mais sórdidas para usurparem nossos ricos vinténs dos cofres públicos.  Existe peso para aqueles que cometem atos ilícitos? Então, que soltem o Fulaninho que roubou um pote de margarina e quatro pães para o almoço da sua família há três anos, que ainda se encontra na cadeia como um criminoso.

 Que os negócios feitos com os chineses são tão escusos quanto aqueles feitos com a Venezuela ou qualquer outro país considerado bolivariano. Talvez acusemos aos que negociam com Venezuela, Bolívia, Equador de favorecer às ditaduras, mas àqueles, os grandes empresários, negociadores diretos com a economia chinesa, que ainda massacra a sua população em busca de números, lucro, como ficam? E o favorecimento aos agricultores, latifundiários, minoria na Câmara Federal? A eles são fornecidas licenças ambientais, subterfúgios para o desmatamento de nossas florestas.

 À bancada religiosa é fornecida a licença para rezar, impor sua crença num País laico, porém quando uma guria veste-se de branco, coloca um turbante, é agredida e nada é feito. Apenas endossado o crime, pois nossos retrógrados deputados são favoráveis a esta ou aquela crença, as demais são impostoras. Pobre Nação Brasileira. Projetos ortodoxos como a defesa de uma única formação familiar são pautados para as próximas votações, porém nada é feito, as panelas serão batidas para situações mais graves, pois estas não incomodam a este ou aquele cidadão.

 Estamos atônitos, clamamos por liberdade, mas ainda não aprendemos a utilizá-la. Continuamos buscando pelas cores reais da nossa bandeira que permanece numa posição de esperança. Lutaremos pelo Brasil ou apenas por interesses pessoais? A burrice ainda nos conforta…

* Sérgio Sant’Anna é Professor de Língua Portuguesa do Anglo e COC Professor de Redação da Rede Adventista e Jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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