Artigo: Vamos ver o que acontece

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Por: Rodrigo Segantini*

Mal Brasília foi destruída por fascistóides enrustidos e aqui nas terras de Bernardino já começou o zunzunzum sobre quem deve suceder a Vanderlei Mársico no trono taquaritinguense. Às favas para o relógio de Dom João VI e que se danem as obras artísticas distribuídas por vândalos golpistas. O que importa mesmo para o povo das terras de São Sebastião dos Coqueiros é saber a quantas anda a sucessão municipal.

A verdade é que ainda é muito cedo para a discussão deste tema. Com um de direita como governador em São Paulo e um de esquerda como presidente da República, o equilíbrio político que ordena as órbitas dos políticos locais foi perturbado. Leve-se em conta ainda que coronéis que bancavam pelotões de apoiadores por aqui não foram eleitos ou reeleitos e por isso perderam seus séquitos. Então, muita coisa deverá ser reorganizada e é nestas circunstâncias que se abrem espaços em que oportunidades ou desgraças costumam eclodir com a mesma facilidade.

Enquanto tem gente que ainda insiste estupidamente ficar discutindo se as urnas eletrônicas são confiáveis ou não, já estão sendo feitas as articulações necessárias para dizer quais nomes figurarão em suas telas em outubro de 2024, sobretudo quanto à disputa para o cargo de prefeito. Claramente, enquanto você diz para seu desafeto familiar ou para seu ex-amigo “fazer o L” ou “perdeu, mané”, achando que esse é o modo de praticar política de forma saudável em prol de uma sociedade mais justa, o grupo que faz o L e o grupo de manés que perdeu estão se sentando para ver quem lançarão na disputa pela botija municipal.

O que todo mundo está contando é que Vanderlei Mársico deverá apoiar alguém que hoje lhe apoia. Isso é natural. Todo o governante aspira em fazer um sucessor, não necessariamente para garantir a perpetuidade de seu legado, mas mais para evitar o risco de ser apunhalado. No entorno de Vanderlei, ninguém tem sido mais leal do que seu vice Luiz Fernando. Empresário respeitado na cidade, membro de uma família tradicionalíssima e com experiência política atestada, Luiz Fernando tem todas as condições de postular a candidatura a prefeito pelo lado da situação, sendo, por evidência e obviedade, visto por muitos com a alternativa natural para tanto.

Contudo, não se pode negar que próximo a Mársico também está Sérgio Salvagni, atualmente dirigente do serviço municipal de saneamento da cidade. As qualidades empresariais, as raízes familiares e o currículo político que revestem Luiz Fernando também podem ser encontradas em Salvagni, de modo que, de certa forma, se equivalem. Porém, há algo que os distinguem: Luiz Fernando é companheiro de primeira hora de Vanderlei, estando com ele desde o momento em que ele foi candidato a prefeito sete anos atrás; Sérgio Salvagni veio para o grupo depois. Não se discute qual dos dois é mais leal ao atual prefeito, mas, se é para escolher um critério, o tempo de aliança pode ser um que se preste para desempatar uma predileção como essa.

Se do lado da situação a coisa parece mais ou menos esclarecida, com uma disputazinha entre amigos a ser elucidada, a mesma coisa não se pode dizer da oposição. Além de se encontrar enfraquecida por falta de uma pauta que a sustente e atenda ao clamor da sociedade local, o grupo que resiste ao canto da sereia do Paço Municipal está muito fragmentado para conseguir fazer frente à força que a máquina política da Prefeitura é capaz de ter. Nomes como Beto Girotto, Tonhão da Borracharia, Caio Forcel e Rodrigo de Pietro até aparecem à disposição do eleitorado, mas, por enquanto, nenhum deles foi capaz de angariar o apoio necessário para conseguir se estabelecer como o grande adversário que o grupo de Mársico enfrentará de fato.

Enquanto isso, o povo espera pelo surgimento de uma terceira via. Embora todos os nomes aqui citados sejam de grandes pessoas, imbuídas de inquestionável interesse público e senso moral, parece que a população ainda aguarda um herói montado em um cavalo branco que virá para salvá-la da penúria em que se encontra. Esse é um sonho do qual ninguém quer acordar, mas cujo som da urna eletrônica indicando o fim da votação deveria ter nos feito despertar há muito tempo. A ver.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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