Artigo: Um beijo do Gordo!

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

É difícil admitir, porém nesta semana o Brasil perdeu um dos mais importantes artistas brasileiros. O eterno Jô Soares, Jô para os íntimos cidadãos brasileiros, que assim como eu o acompanhavam, saiu de cena sem se despedir, sem mandar o beijo do gordo como encerrava o seu consagrado programa noturno de entrevistas.

Jô Soares não era um simples artista. Jô era estupendo, era culto, era organizado, era um intelectual completo. Foi ator, escritor, diretor, produtor, apresentador. Como ator, as noites de segundas-feiras foram alegres com o “Viva o gordo”. A cena política sempre compôs os quadros de seus personagens. Seu humor foi sempre elaborado, organizado, capaz de se ater à fina ironia. Jô sabia interpretar. Mergulhava em seus personagens e nos fazia pensar. Éramos reflexão. Éramos emoção. Éramos alegria. Jô mostrava a sociedade brasileira. E não sossegou apenas como ator. Jô Soares mostrou ao seu público que a direção também foi sua paixão. Peças magistrais por ele foram traduzidas e dirigidas, deu ao teatro seu lado de correção, exposição do potencial de seus dirigidos. Dirigiu fenômenos literários: “Os sete gatinhos”, escrito por Nelson Rodrigues; “Romeu e Julieta, de Shakeaspere; “Estranho casal” e “Oh, Carol!”; “O eclipse”; “Histeria”, entre outras dezenas.

Jô Soares foi um gigante diante da escrita. Li “O Xangô de Baker Street” e adorei, lembro-me de escrever um artigo sobre esta minha leitura elogiando o já genial ator e diretor, porém diversas peças suas foram apreciadas pelo público e levaram milhares de pessoas ao teatro. “O flagrante” e “Brasil, da censura à abertura” são apenas uma mostra de outros tantos textos que o escritor pariu. “As esganadas” foi sua última obra escrita, porém há relatos de que o autor deixou inúmeras obras inéditas, e preparava mais um livro para ser lançado ao final deste ano.

Jô Soares deixará saudade, principalmente, daqueles como eu que cresceram com o Jô humorista, passamos pelo Jô escritor e encerramos em 2016 com o Jô Soares entrevistador. Ele foi genial. Não reclamou da vida, apesar dos inúmeros problemas. Jô foi profissional. Mais do que isso: Jô foi humano. Que ele descanse em paz. E jamais deixará de estar presente na memória dos brasileiros.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.           

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