Artigo: A que ponto chegamos? O fundo do poço é logo ali …

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Por: Gustavo Girotto é jornalista* e Raphael Anselmo é economista**

“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem).  Assim Michel Temer iniciou sua carta de rompimento com a então Presidenta Dilma Rousseff, em 07 de dezembro de 2015.

Na ocasião, o trecho que mais chamou atenção na carta foi o primeiro fato descrito pelo então vice-Presidente da República: – “passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. […] Perdi todo o protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas.”

Temer queria mais, queria ser presidente, mesmo que por meio de um golpe, conforme assumido por ele mesmo em entrevista no Roda Viva, em 16 de setembro de 2019.

Luiz Fernando Coelho da Rocha, ao contrário do que Temer disse, optou em não assumir a posição pela qual foi eleito. A justificativa: motivo de foro íntimo!

Antes de renunciar, Luiz Fernando tentou se ausentar por 90 dias do cargo que lhe foi concebido. Na direção oposta de Temer, quis sair, mas ficando. É confuso mesmo.

O presidente da Câmara dos vereadores, acertadamente, negou o pedido. Assim, forçou duas alternativas: cumprir seu juramento de posse quando eleito por 12.828 votos ou renunciar. Ele renunciou.

Normalmente o vice tem duas funções: (i) substituir o prefeito no caso de vacância e (ii) auxiliá-lo sempre que for convocado para missões especiais. Designações especiais são importantes, mas secundária quando se comparada a primeira.

Nos momentos de viagens em São Paulo, Brasília entre outras cidades, o vice-prefeito não se absteve de sua função -, saiu nas fotos desfrutando do benefício que o cargo lhe proporcionara. Entretanto, quando o município mais precisou do vice, em assumir uma cidade devastada pela péssima gestão, ele deu um passo para trás e se posicionou como um castiçal que decora uma mesa após as sobras da ceia de Natal.

Taquaritinga, nos últimos anos (com raríssimas exceções), teve duas categorias de políticos: os que defendem interesses próprios e os decorativos – ou ambos. Resultado disso: uma cidade falida, sem perspectiva de futuro. O mantra de cidade dormitório encontrou seu destino.

Luiz Fernando é diferente do afastado Vanderlei Mársico. Saiu também por conhecer os seus defeitos e temores- todos temos. O problema das pessoas que não têm defeitos é que, com certeza, têm virtudes terríveis.

A do prefeito afastado foi deixar a cidade abandonada à mercê de uma péssima administração. E, o resultado desta confusão, mudou os rumos da cidade: acordamos com um vereador da mesma corrente política escolhido prefeito. Isso vai dar certo?

A frase popular diz que é difícil apagar um incêndio quando estão bebendo a água que serve para apagar o fogo. Talvez, se aqui estivesse Temer, ele terminaria com a frase: “A fronte praecipitum, a tergo lupi” (Pela frente um precipício, por trás lobos).

*Gustavo Girotto é jornalista.

**Raphael Anselmo é economista.

***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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