Artigo: Profissão – professor

Compartilhe esta notícia:

Por: Prof. Sérgio A. Sant’Anna*

Em 1999 quando terminava a Faculdade de Letras, o magistério já me absorvera. Escolas públicas no interior do Estado de São Paulo são inúmeras, diversas que ainda mantêm a qualidade almejada, embora nossos governantes insistam no dizimar da Classe. Professores excelentes tive como pilares, assim como diretores e dirigentes envolvidos com a causa, que olhavam para o aluno como aquele quem olha ao futuro alimentando à esperança. É fato que os problemas eram inúmeros, desde a infraestrutura até os problemas pessoais carregados pelo discente à sala de aula, resultando na danada da evasão.

Estabelecido no Rio Grande do Sul, especificamente na capital dos gaúchos, Porto Alegre, desde 2007 (retornei à Taquaritinga em 2009 e fiquei até 2011) , não tive o prazer de retornar ao Ensino Público; entre idas e vindas, nesses quase treze anos de POA restringi-me por três anos à Educação Social, sendo por duas vezes Coordenador da Fundação Fé e Alegria do Brasil-RS, pertencente à Companhia de Jesus (Jesuítas), cujos problemas sociais são combatidos com ideias e esforços pouco difundidos pela mídia e sociedade nacional. Na periferia de Porto Alegre, convivendo com cidadãos esquecidos pelo Poder Público, tive a sensação de que o ser humano só merece uma oportunidade, e a Educação é o único caminho. O combate ao tráfico, assim com outras tantas medidas anunciadas em toda campanha eleitoreira, não se concretizará, porque o investimento deve ser na Educação. Alimentar, fornecer vestimentas, abrigo aos que mais necessitam são necessários, porém o cidadão só se tornará independente e capacitado a partir do momento que o conhecimento for a ele fornecido. É essencial que ele saiba de seus direitos, todavia é imprescindível que passe a exigi-los e a Escola, através dos mecanismos educacionais nos liberta, desenvolve-nos… eles necessitam serem avisados, a Escola não pode cair no esquecimento, os professores não podem ser tratados como seres descartáveis, os cursos para docência não podem ser o último recurso àquele que foi reprovado em todos os cursos e depois opta por ser professor.

Li há três anos, Zero Hora (transformado pelo taquaritinguense jornalista Augusto Nunes), e lá se estampava a notícia que o curso de História estava entre os dez mais requisitados neste ano pela UNICAMP (Universidade de Campinas), embora não seja o meu curso faz parte da carreira docente. Dentre os professores que falavam a respeito desse fenômeno estava o professor Leandro Karnal, formado pela Universidade do Vale dos Sinos e hoje catedrático da universidade paulista. A busca pelo magistério foi o último argumento utilizado pelo entrevistado assim como os outros consultados; a busca pelo conhecimento e a polarização eram os recursos buscados pelos futuros professores.

Faz-me tão bem verificar aquele que opta pela carreira docente pelo amor ao conhecimento, pelo prazer em dialogar com o outro, mostrar caminhos, alimentar sonhos, fazer com que contemplem o horizonte. Em saber que ex-alunos optaram pela docência por admirar o nosso trabalho, assim como uma vez contemplei aos meus paradigmas docentes…

Hoje, aqui em Santa Catarina, especificamente na cidade de Tubarão, observo o quão importante faz-se a figura do professor, e como o município o valoriza. Também através dos salários, porém o reconhecimento diante da sociedade. Esta semana, ainda fiz uma postagem em minhas redes sociais lutando pela valorização do professor em todo território nacional. Ainda não fomos reconhecidos nacionalmente, pelo contrário, somos postos como desnecessários, haja vista, a implantação do ensino domiciliar e a política de poucos proventos destinadas a esta classe profissional.

Não podemos ser execrados por uma súcia de aventureiros com o dinheiro público e uma elite acostumada às manifestações à panela de inox e babás cuidando de seus rebentos. O professor deve ser dignificado pelo seu saber, pelo seu profissionalismo e pela sua humanidade, pois só aquele quem está na sala de aula cotidianamente sabe da importância deste profissional. Quantos problemas vocês, pais, responsáveis, não foram capazes de resolverem que temos de solucioná-los através do amor e do afeto emanados?! Infelizmente, esses que aí blasfemam à profissão professor, depositam toda sua incapacidade em educar filhos no docente, ainda, serão gratos pelo bem que os fizemos. Ludibriados pelo coro dos deseducados, ancorados por um chefe da República infenso à Educação e Cultura, viveremos outros tempos quando este ano acabar. Até lá há ainda seis meses letivos. Vamos lecionar!

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

 

Compartilhe esta notícia: