Artigo: Passeata, carreata, motociata, tanqueata o que virá pela frente?

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna

A Língua Portuguesa Brasileira objeto de críticas diante dos governos Lula e Dilma (preconceito linguístico, lembrei-me do professor Marcos Bagno), tornou-se uma referência através das mesóclises de Michel Temer (precário senso comum e valorização do prestígio social). Fernando Henrique também foi “meme”, antes da sua existência, pelo saudoso humorístico “Casseta e Planeta” pela cacofonia presente em suas explicações quilométricas. Jair Messias Bolsonaro, atual presidente da República, esse que é favorável ao voto impresso auditável, mas impõe sigilo aos documentos do Planalto, inclusive os que citam seus herdeiros, foi logo impondo através de um decreto o não uso de pronomes de tratamento dentro do Poder Executivo. Além disso, o Messias presidente é incapaz de elaborar uma frase sem que a componha de uma palavra de baixo-calão. Faz parte do seu show pirotécnico, pois quando avançamos para o terreno da argumentação, aí o bicho pega. O ex-capitão, expulso do Exército, é incapaz de defender suas ideias com frases e orações coesas e coerentes, faltando-lhe uma série de elementos palpáveis que sustentem suas premissas. Só através do baixo-calão, das falácias e fake news é capaz de concluir seu ponto de vista. Um repetente quando tratamos da disciplina Redação. Um incoerente quando o assunto é dissertação argumentativa. Um indisciplinado quando o assunto é Gramática Normativa. Um insano quando o assunto é Educação.

Navegando por esses mares explorados pela estrutura das palavras, especificamente estas que nos governam, salientando que são pouquíssimas, o atual gestor da Nação Brasileira busca “aquilatar” nosso idioma romano, aos trancos e barrancos, com seus populares neologismos adquiridos pelo seu linguajar chulo e preconceituoso. Quem não se lembra do “imorrível”? Fez parte de um artigo produzido por mim neste periódico, cujo título prosou: “Imbrochável, imorrível e a terra em cima dos corpos”. E por estas terras difamadas injustamente por cabralinos, que insistem na descoberta brasileira pelas naus que acompanhavam Pedro, esses mesmos que lutam em nome do negacionismo, marcham contra à Ciência, apostam no retrocesso do voto impresso, buscam estabelecer o caos, encontramos algo a explorar diante da nossa língua. Estes matizes estão aí, basta nos atentarmos e procurarmos o significado para construirmos os enredos conforme nossa ideologia e daquele quem é o corpus estudado. Jair Messias Bolsonaro é um desses personagens. Diga-se de passagem, um mal que o Brasil não merecia. Embora profane o senso comum, que devemos passar pelo mal para alcançarmos o bem. Desnecessário. Está aí porque há muitos que pensam como ele. Carregam o amargo da vida em seus discursos e buscam, através do ódio, o poder desenfreado. Flertam com o egocentrismo. Dialogam com o “umbiguismo” (já que é tempo dos neologismos). Avessos ao altruísmo, mas propagam a caridade ancorada numa religiosidade regada às visitas ao Templo e nada mais.

Dentre esses neologismos que surgem por aí há um que o chefe do Executivo faz questão de nominar: motociata. Sim. Essas que em meio à pandemia, regras de higiene, levam milhares de motoqueiros para as ruas, avenidas e rodovias, liderados pela moto-mor do presidente desfilam por algumas cidades do País em busca de votos. Não há nada de progresso. É apenas uma forma do atual presidente da República buscar eleitores para a próxima eleição, que se aproxima e o deixa fora das regalias do Alvorada, essas que ele insiste em não perder e deixar aos seus filhos “zerados” (já são – vide os seus pseudônimos arranjados pelo pai). Quanto dinheiro público gasto com propagandas, viagens (desnecessárias) antecipados. E se não bastasse, Bolsonaro propaga, através do medo e caos, a “tanqueata” – uma maneira de intimidar aos parlamentares que eram contrários ao voto impresso.

É inegável o direito à manifestação, todavia somando estes últimos neologismos propagados pelo pseudogestor brasileiro teremos problemas futuros, principalmente a não aceitação dos resultados das urnas (apenas a vitória o levará à satisfação – sinal dos tiranos), contudo os meios utilizados necessitam ser calibrados. Há muita fumaça no ar deixada pelos tanques e motocicletas. Afirmam que passeata é algo arcaico.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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