Artigo: Tragédia ou farsa

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Por: Rodrigo Segantini*

Em um país que passava para uma grave crise econômica, o povo estava preocupado com o avanço das ideias socialistas e tinham medo da instalação de um regime comunista no governo. Por isso, as pessoas começaram a buscar por políticos que se diziam mais conservadores ou ligados a grupos militares.

Percebendo tal tendência, um militar medíocre começou a manifestar uma série de ideias radicais, que, em princípio, não foram levadas a sério. No entanto, foi assim que ele, após encontrar um pequeno partido que lhe deu algum espaço, conseguiu chamar a atenção e conquistar uma condição de poder que seria impensável para sua condição anos antes.

Porque lhe faltava sustentação, já que seu grupo político era inexpressivo e inexperiente, esse homem organizou um grupo paralelo de apoiadores, que se organizavam por meio de uma rede de comunicação muito ágil e promoviam manifestações em favor das ideias de seu líder. Foi assim que o povo passou a ter a percepção de que o sujeito era uma figura mítica e messiânica, que poderia salvar o país da miséria, da pobreza e do comunismo.

Mas não foi bem isso o que aconteceu. Dividindo o país em grupos sectários, o tal líder afastou as pessoas de bem que o levaram ao poder no início de sua jornada, adotou medidas carregadas de preconceito e descarada viés ideológico e transformou seu país em uma pátria que controlava a partir do medo. Para aqueles que se opunham a seu regime, a violência moral ou física era a resposta.

Estou falando de Adolf Hitler e da Alemanha nos anos 1930. Se você encontrou qualquer paralelismo neste enredo em algum evento recente ou em uma realidade mais próxima, saiba que Karl Marx já dizia que a História sempre se repete ou como tragédia ou como farsa.

Claro que não se compara nenhum governo democrático com o regime nazista, que promoveu um verdadeiro holocausto ao condenar parte de sua população à morte por razões meramente econômicas, dando prioridade às necessidades das finanças do país e do empresariado. Evidentemente que não se trata disso.

Porém, é estranho que o presidente Jair Bolsonaro tenha se reunido recentemente com Beatrix von Storch, uma deputada alemã que vem a ser a neta do ministro da economia de Hitler, com a qual tirou fotos com largos sorrisos. Enquanto isso, lembre-nos que seus assessores são conhecidos por citarem frases e discursos de outros assessores do líder nazista para fundamentarem as decisões do governo brasileiro.

Se você não leu ainda, recomendo que leia “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell. É um livrinho fininho, de leitura fácil. No final, reflita se você está no meio dos porcos ou se junto aos demais animais no curral. Depois disso, a gente volta a conversar…

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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