Artigo: Da frustração à perplexidade

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Por: Luís Bassoli*

√ Quando jair bolsonaro se lançou candidato, com aquele discurso tosco, antevi que algumas pessoas do meu círculo de convivência se identificariam com aquilo. No fundo, eu sabia quem eram as pessoas rancorosas, racistas – elas disfarçavam, só que, vez ou outra, deixavam escapar uma piadinha infame, um comentário escroto.

√ Mas, a gente relevava, em nome da “amizade”, do “respeito à diferença” e tais.

√ Na eleição, passei a sentir FRUSTRAÇÃO em relação a alguns colegas que abraçaram o bolsonarismo, pois, na minha análise, não faziam parte do grupo de rancorosos/racistas – eram pessoas dóceis, religiosas, cordiais, educadas.

√ Tentei superar a frustação com a tese de que não tinham conhecimento de História, Geopolítica ou Economia suficiente para compreender o que o bozonarismo representava. Lembrava daquela frase de Cristo: perdoe-os, eles não sabem o que fazem.

√ Iniciada a Administração bozonara, a realidade se estampou: nome de peso, como o general Souza Santos, deixa o governo, seguido de Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta. Imaginei que os colegas não-rancorosos/racistas retomariam a consciência e abandonariam o bozonazismo.

√ Ao contrário: minha frustração virou DECEPÇÃO ao constatar que aos rancorosos/racistas e ingênuos/desinformados se juntaram amigos (não colegas, mas amigos) que além de nunca se mostrarem racistas/rancorosos, eram cultos, formados em faculdades, profissionais bem sucedidos, com conhecimento básico de Economia, Finanças e até de História.

√ Daí, tentei enfrentar a decepção com a ESPERANÇA: o comportamento genocida em relação à pandemia de coronavírus, regado ao incentivo às aglomerações, ao desestímulo ao uso de máscara, ao boicote à vacina e o desprezo pelos 250 mil brasileiros mortos – e mais, com o desastre econômico, o fim do liberalismo do “mago” Paulo Guedes, faria com que esses amigos se tornassem críticos do nazibolsofascismo.

√ Não! Nada aconteceu. Surge, então, a DESESPERANÇA. O amigo que tive como irmão se revelou um sujeito maléfico, vil e desalmado.

√ Quando parecia não ter como ficar pior, me deparo com a inércia, a inação, a passividade dos amigos que compreendem a tragédia, identificam o bozonaro como o culpado – mas não reagem! Não militam nem mais nas redes sociais, nem nos grupos de whatsapp.

√ Chego, pois, à PERPLEXIDADE. É onde estou. O que será o por vir?

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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