Artigo: Educação é para libertar, não oprimir

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Por: Raphael Anselmo, Gustavo Girotto, Lívia Nunes, Luis Bassoli, Ico Curti, Sérgio Sant’Annna e Renato Scardoelli

O atual prefeito, para surpresa de muitos, adotou uma inédita postura midiática de autopromoção – certamente, foi o que mais postou retratos nas redes sociais, no menor espaço de tempo.

Fotos não fazem mal, e muitas viralizaram em cômicos memes, mas brincar com rumos da cidade não é engraçado. O prefeito interino tem se mostrado uma continuidade da gestão anterior e, ao invés de optar pelo avanço, aposta no retrocesso.

O caso mais premente é o tratamento dispensado à área da Educação. Sem recair em nenhum juízo pessoal, a secretária nomeada para gerir a Educação – a mais importante pasta do governo, ao lado da Saúde – é reconhecidamente militante da extrema-direita, ativista presente em manifestações contra o Estado Democrático de Direito, adepta da ideologia e teses obscurantistas difundidas pelo falecido astrólogo Olavo de Carvalho, ex-mentor do ex-presidente.

Aliás, devemos lembrar que até o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, acabou revendo sua posição, renegando as platitudes de “combate ao comunismo”, “ideologia de gênero” e outras ladainhas, moinhos de ventos que ainda atormentam frágeis mentes.

Diz a máxima que “onde sobra extremismo costuma faltar conhecimento” – e é o futuro das crianças que está sob ameaça. O caminho que está sendo tomado é ruim; aponta para a iniciativa em posição de poder, que é maléfica para a administração. Na Educação, pior ainda.

Taquaritinga sempre teve tradição em manter a Educação equidistante de posições ideológicas, com pessoas voltadas à diversidade do Ensino, como Sílvia Lopes, Angélica Malaquias, Ana Lúcia Aiello, Neide Salvagni, só para citar algumas.

Pode-se supor, com muito esforço, que o prefeito transitório seria uma espécie de estrategista político, que pensou em trazer para si uma base que não o apoia – mas acaba por criar uma situação contrária ao que dele se esperava. Ao não alterar o rumo da gestão que levou ao afastamento do antecessor, o atual prefeito alimenta a possibilidade de uma intervenção estadual.

Manter a equipe anterior, e dotar o secretariado com militantes ideologizados, é desperdício de tempo e recursos. O espaço para trocar o sectarismo pela união está se esgotando. Taquaritinga quer – e precisa – avançar e ampliar os horizontes.

Reforçando: não é nada pessoal. Mas entendemos que o conhecimento acontece quando todas as partes envolvidas desempenham um papel ativo. Ao contrário da concepção da chamada escola cívico-militar, defendida pela secretária recém-nomeada, em que essa relação é uma via de mão única.

Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.

*Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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