Artigo: Campanha da Fraternidade na Escola -30 anos de uma história

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Por: Paulo Cesar Cedran*

“Vós sois Todos irmãos e irmãs!” Com o lema retirado do versículo 8 do capítulo 23 do Evangelho de Mateus, sobre o tema: Fraternidade e Amizade Social. A igreja do Brasil convoca todos os cristãos a vivenciarem no período Quaresma a 60ª Campanha da Fraternidade organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Para nós, comunidade dobradense da Paróquia São Francisco de Paula e EE Vereador Antonio Comar, o momento é mais especial ainda, pois estamos comemorando 30 anos de realização do projeto Campanha da Fraternidade na Escola.

No dia 27/03/24 realizou-se o Ato Ecumênico que reuniu autoridades religiosas de diversas confissões cristãs de nossa cidade, para junto com nossos alunos encerrar com oração e gesto concreto esta Campanha. Convém registrar para que não se perca a história como tudo começou. Em 1994 quando já havia sete anos que eu, juntamente com a coordenadora pedagógica Professora Maria Tereza Gonçalves, Professora Maria José do Carmo e a Senhor Waldomira Colombo Machado, ministrava o curso de crisma na igreja, ouvimos a sugestão do então seminarista e hoje Padre Paulo Cesar Mazzi de realizar um projeto que envolvesse os crismandos na escola por meio da Campanha da Fraternidade.

Assim começou com pequenas leituras em algumas aulas de trechos do texto-base e ao final, na Semana Santa, um momento de oração na escola envolvendo os alunos por período. Com o passar dos anos agregou-se a esse projeto as professoras de Língua Portuguesa Janete Aparecida Cedran Ferrari, Edilza Calabretti Nocitti , Tereza de Oliveira Silva e Josefa Maria de Oliveira Cremonesi, Aparecida Nilva de Freitas e outras mais para ampliar o projeto e dar prosseguimento, passando a inserir o gesto concreto de auxiliar , por meio da arrecadação de alimentos e leite, o Hospital do Câncer, hoje Hospital do Amor de Barretos. Nesse momento tornou-se crucial a participação do nascente grupo da AVCC (Associação dos Voluntários de Combate ao Câncer) e também a presença da comunidade espírita que passou a colaborar e prestigiar o ato ecumênico.

Dessa feita em 1998 deixei a vice direção, somente retornando à EE Vereador Antonio Comar no final de 2004, como Supervisor de Ensino, sem, contudo, deixar de acompanhar no período em que fui Diretor de Escola na EE Dorival de Carvalho e Secretário de Educação e Cultura de Matão, essas atividades na escola. Na igreja também ocorreram uma série de revezes e esse grupo de catequistas deixou de ministrar a crisma. Alguns padres também não apostaram muito nessa parceria, mas o projeto já estava integrado à proposta pedagógica da escola. Esse, ganhou vida própria, passaram diretores, padres, mas o projeto permaneceu. E a unidade dos nossos cristãos permaneceu. Isso demonstra um pouco o que seja o tema dessa amizade social que vai além dos grupos de amigos próximos. Como afirma São Tomás de Aquino citado no texto-base:” (…) amizade como uma virtude política, é necessária para o bem viver na sociedade.” (texto-base 2024, p.19). Hoje estamos aqui promovendo a cultura do encontro, pois a amizade social é o amor presente nas relações sociais. É o amor social que se traduz em atos de caridade, que criam instituições mais sadias e solidárias.

Os alunos arrecadaram molho de tomate e gelatina e participaram do Ato Ecumênico orando unidos em torno daquele que por amor se entregou a cruz. “Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus.( Gálatas 3 :28). O outro é sempre um irmão, uma irmã que precisamos acolher, conhecer e apreciar. Basta a nossa cultura do cancelamento, basta à violência no âmbito religioso, pois quanta violência já se praticou em nome da religião. Cuidado com os grupos fechados, talvez neles Jesus não esteja presente. Anunciemos o evangelho de paz. Conhecemos tantas pessoas na internet, mas não conhecemos nossos vizinha. Não nos sentimos pertencentes à comunidade, à escola à cidade. Pertencemos a que mundo: ao virtual? Esse nosso estado é sinal de que foi rompida a unidade entre Deus e a humanidade. Na escola pensemos: Quam pratica o bullying não vive a fraternidade. Que triste vivermos fisicamente próximos, mas existencialmente distantes. O texto- base nos conclama a revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Precisamos vencer a tentação da cultura dos muros e a alterofobia que é o medo do outro. Para iluminar essa realidade sombria a palavra de Deus nos exorta a não sermos como os fariseus, que trazem suas vestes cheias de sinais das escrituras, mas ela não está escrita em seu coração. “Eles alargam as borlas de seus mantos diz Isaías, mas não são capazes de alargar os espaços de suas tendas. Jesus então conclama: Já não vos chamo de servos eu vos chamo amigos. João 15:15. Vamos ao encontro de nossos vizinhos alarguemos os círculos de nossas igrejas, sejamos uma igreja em saída, participativa de grupos como a AVCC para ajudar a nossa comunidade no combate. Participemos da formação de professores e ações da escola para práticas de justiça restaurativa e cultura de paz. Saiamos com Jesus ao encontro dos mais necessitados para adentrarmos com Ele no mistério de sua paixão, morte e assim também como Ele ressuscitarmos, pois quem vence sempre é o amor.

*Paulo Cesar Cedran, Paulo Cesar Cedran é Mestre em Sociologia, Doutor em Educação Escolar, Docente do Centro Universitário Moura Lacerda – Ribeirão Preto (SP).

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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