Crônica: Falta amor, falta interpretação textual, falta…

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Por: Sérgio Sant’Anna*

Duas senhoras, olham-me conversar com outras pessoas e me perguntam qual o meu estado de origem. Prontamente respondi São Paulo. E elas afirmaram: “Tu tens cara de paulista”. E me pergunto: qual a cara do paulista, do gaúcho, do nordestino, do amanauense etc.? O sotaque sim, mas as características físicas são difíceis de se atribuir a um estado específico, talvez um preconceito velado, um certo achismo camuflado em eufemismo.

Essas definições bizarras são fruto da nossa cultura, da ignorância alimentada pela superioridade de uma nação em relação a outra. Um tratado amenizado por muitos, todavia que propaga feito praga em nossa sociedade.

E logo vem: “Nossa! O povo daquele Estado é…”, e os adjetivos pejorativos expandem-se diante de um vocabulário limitado, nutrido de ínfimas ideias.

Hoje, quando entrei no carro de aplicativo para me dirigir até ao Colégio, o motorista foi logo me dando dados, que ele julgava absurdo. Santa Catarina superava o Estado de São Paulo diante do problema violência. Porém, fui logo tratando de justificar, amparado em minha calma, que os índices levavam em conta à proporção. Confesso que ele não acreditou muito e disse que aquela notícia dada seria obra ideológica, portanto, na sua opinião, uma fake News. É difícil ensinar àqueles que não querem aprender.

Estamos diante de uma sociedade manipulada por supostos dirigentes políticos capazes de obstruírem o processo democrático em benefício do seu narcisismo. Seres distantes da empatia, da conduta ilibada. Esgotos a céu aberto essa manobra ideológica que se utilizam de mentiras e infere-as como fonte da verdade.

Assistindo ao Big Brother Brasil 2024, noto como o preconceito é lançado entre os participantes. O baiano Davi, imaturo pela sua pouca idade, e a perseguição assumida pelos privilegiados da “casa mais vigiada do País. É notório que os próprios “pipocas”, apelido dado aos participantes desconhecidos do público até a entrada no reality, cercam-se dos “camarotes” e querem eliminar os seus. Uma atitude que se soma a um estudo freireano e, também, de Rousseau: “O homem nasce bom, porém a sociedade o corrompe”. E como nossos pais (Viva Belchior) reproduzimos: ” Diz-me com quem andas que te direis quem és.

Ainda não aprendemos a semear o amor, e pouco compreende-se da arte de interpretar textos.

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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