Artigo: É o fim do mundo?

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Por: Rodrigo Segantini

Na madrugada de 07 de outubro, o grupo terrorista Hamas atacou Israel. Isso o mundo inteiro já sabe. O que talvez você não saiba é que aquele dia era uma data especial para os judeus, grupo étnico-religioso predominante entre os israelenses: era sábado. Sábado, para os judeus, é o chamado Shabat, o sétimo dia, o dia do descanso, é praticamente um feriado tradicional no país.

Mas não era um Shabat qualquer. Era o Shabat Shalom, que faz parte da comemoração de Sucot, que nós conhecemos como Festa dos Tabernáculos, celebração que em nosso calendário que usamos começou à meia-noite de 29 de setembro e seguiu até o início da noite de 6 de outubro. Nesse período, os judeus comemoram o início da colheita e a chegada do outono. É uma das três maiores celebrações do calendário e rememora o êxodo do povo hebreu após a saída do Egito liderados por Moisés.

A véspera do Shabat Shalom, o sábado da paz, é chamado de Hoshaná Rabá ou “o Dia do Julgamento”, no qual, segundo a crença judaica, o destino do novo ano é determinado. Os judeus acreditam que, nesta data, uma fenda poderosa se abre entre Deus e os homens e é quando se faz desejos para o próximo período e pedidos de prosperidade. É um tempo tão importante que os judeus costumam passar a virada de Hoshaná Rabá para o Shabat Shalom em claro, acordados, celebrando, a fim de encerrar os festejos pelo início do ano novo judaico, o Rosh Hashaná, concluindo assim a Festa dos Tabernáculos.

Então, quando o Hamas atacou Israel na virada de 06 para 07 de outubro, eles sabiam muito bem o que estavam fazendo. Os judeus estavam todos em festa, celebrando a efeméride. Tanto é que em um dos lugares que os resultados dos atentados havidos foram em uma festa promovida pelo pai do DJ Alok, onde vários jovens inclusive brasileiros estavam comemorando as festas judaicas. O Hamas é um grupo pautado em uma ideologia extremista muçulmana e que abomina tudo o que é ocidental (não necessariamente judeu) e considera que o Estado de Israel deve ser eliminado por representar a presença do Ocidente naquela região, que, a seu ver, deve ser dominado politicamente por muçulmanos.

A confusão que é feita entre Hamas e Palestina é porque o Hamas é formado principalmente por palestinos e porque o grupo está situado na Faixa de Gaza, que é um território reivindicado pela Autoridade Palestina, que é uma espécie de quase-governo do quase-Estado que a Palestina pretende que seja reconhecido como país, mas, por resistência de Israel, não consegue o respeito de várias outras nações. O Brasil reconhece a Palestina como Estado, como país e como nação. Os EUA, não. A ONU tem avaliado a situação. Assim como o MST-invasores-de-terras não é o Brasil e os patriotas-bolsominions-bolsonaristas também não são, o Hamas não é a Palestina. Quem atacou Israel foi o Hamas, não a Palestina.

Assim como quem está se unindo ao Hamas em suas ofensivas contra Israel não é o Líbano, mas o Hezbollah. O Hezbollah é como o Hamas, mas, ao invés de estar sediado na Palestina, está sediado no Líbano. Então, quem está quase entrando neste conflito não é o Líbano, mas o Hezbollah. É preciso diferenciar um grupo de um povo e até de um país. Pode ser difícil quando o país é dominado pelo grupo, como no caso da Al-Qaeda em relação ao Afeganistão. É importante que você tenha com clareza que não há uma guerra entre judeus contra muçulmanos, mas uma guerra entre Israel e grupos terroristas que têm em comum a ideologia fundamentalista muçulmana, assim como os EUA não estiveram em guerra contra o Afeganistão e sim contra a Al-Qaeda, por exemplo.

Portanto, quando você piedosamente orar ou emanar suas boas vibrações em favor da resolução da situação, pense em seres humanos – sejam judeus, muçulmanos, israelenses, palestinos, budistas, ateus, brasileiros, enfim…. todas as pessoas – que, sem ter nada a ver com as aspirações do Hamas ou de qualquer grupo político ou terrorista, foram envolvidos nesta situação. Ninguém em sã consciência e com o espírito centrado quer guerra. Oremos por eles, torçamos por eles e tenhamos bons pensamentos e vibrações por ele, na esperança de que a Paz seja enfim alcançada para que a vida volte ao normal.

Sobre aqueles que estão ansiosos ou com medo porque acreditam que tudo o que está acontecendo em razão de profecias bíblicas, que o profeta Daniel escreveu a respeito do que estamos vivendo ou que são destes tempos que é dito no Apocalipse de João, não há razão alguma para se preocupar, fiquem tranquilos e tranquilizemos a todos. Não é a primeira vez que rumores de guerra acontecem naquela parte do mundo, não é a primeira vez que judeus são atacados desproporcionalmente em razão de sua religião. Porém, se realmente estivermos no cenário do fim do mundo, não devemos nos preocupar pois nada poderemos fazer a não ser o que já devemos estar fazendo desde sempre: guardar a Palavra, seguir os ensinamentos do Senhor e confiar em Deus. Se esse é o final dos tempos, glória a Deus, a quem clamamos por sua Misericórdia; se isso é só mais uma tribulação, glória a Deus, a quem clamamos por sua Misericórdia. Como disse, oremos. Fiéis na oração, confiemos no Senhor.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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