Artigo: Tô nem aí

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Por: Rodrigo Segantini*

Gosto muito de receber devolutivas dos textos que petulantemente escrevo e que o Gabriel Bagliotti tem coragem de publicar em seu jornal. Quase sempre são elogiosas, às vezes são críticas, de vez em quando ofensivas e há uma minoria que é desrespeitosa. Mas todas têm o mesmo valor e importância para mim: não ligo para elas.

Tento não dar a mínima para o que pensam ou acham sobre minha opinião porque acho que não vale a pena as pessoas darem atenção a ela. Sinceramente, não entendo como que há pessoas que dedicam uma parte do seu tempo para ler o que escrevo. Eu mesmo não faço isso. Uma vez que escrevo, não leio mais – o que pode explicar (mas não justificar) os inúmeros erros que há em minha redação.

Meu objetivo é evitar me envaidecer com saudações efusivas, mas também não me entristecer com comentários depreciativos. Tenho minha opinião, fico grato por ter um canal pelo qual posso expressá-la e me surpreendo por saber que há quem se interesse por ela. Em contrapartida, considero incrível que outras pessoas também possam ter seu juízo a respeito de um determinado assunto, ainda que seja divergente do que considero. Aliás, prefiro o dissenso do que o consenso quando se trata de um debate, pois, desta diferença de pontos de vista, acredito que muitas coisas podem ser esclarecidas e aprimoradas.

Então, quando alguém não concorda com a forma com que me refiro ao prefeito Vanderlei Mársico dizendo que parece que estou defendendo-o, não me importo. Quando alguém não concorda com a forma com que me refiro ao prefeito Vanderlei Mársico dizendo que estou pegando muito pesado com ele, igualmente não me importo. Porque, por mais respeito que eu tenha por Vanderlei Mársico ou pelo cargo de prefeito municipal (independentemente de quem o ocupe), quando faço uma crítica à atual situação das contas públicas de Taquaritinga, tento ser o máximo objetivo que posso. Isso não falar mal, isso não é poupar. Isso é fazer uma análise de um cenário, evidentemente enviesada pela consideração subjetiva do arguidor.

Para deixar claro, sobretudo para aqueles que tem dificuldade para interpretar um texto um pouco mais longo, é que, na minha opinião pessoal, a responsabilidade por Taquaritinga estar como está é, sim, de Vanderlei Mársico, na condição de prefeito municipal, da mesma forma que é sua responsabilidade enquanto estiver no cargo de prefeito municipal resolver essa situação. Porém, Vanderlei Mársico não se tornou prefeito municipal porque ele quis, ele foi eleito, foi escolhido pela população para exercer essa função. Portanto, ele é responsável por Taquaritinga estar passando pelos momentos difíceis que tem passado, mas o povo de Taquaritinga é responsável por ele ter colocado Taquaritinga nesta situação.

Para deixar mais claro, considero que há meios e formas de superarmos as dificuldades que a cidade tem encarado e as providências para isso devem ser tomadas pelo prefeito, seja quem for. Atualmente, o prefeito é Vanderlei Mársico. Por qual razão ele prefere ficar desferindo ameaças e impropérios ou arrumando desculpas e culpados para justificar a situação em vez de adotar ações assertivas para resolvê-la, eu não sei. Mas o prefeito tem, sim, que fazer alguma coisa. Se não está fazendo, alguém tem que fazer – e esse alguém que tem que fazer são os vereadores, é o Ministério Público, é o Poder Judiciário, é o Tribunal de Contas, é o Sindicato dos Servidores, é o povo na rua…

Criticar esse cronista pelo que escreve é criticar a janela pela paisagem. Não adianta nada, eu só exponho o que está acontecendo, só falo o que vejo. Se o cenário é ruim, lamento. Gostaria que a paisagem fosse melhor para entretê-los com uma descrição idílica de Taquaritinga, como naquele belíssimo hino de Dino Franco e Mouraí, que atualmente pouca gente se lembra, mas guardo no meu coração. Porém, estando claro que a situação presente não é boa para qualquer um de nós, causa estranheza que, em vez de as pessoas se indignarem e fazerem algo para resolver os problemas que denuncio, decidam brigar comigo, manifestando sua discordância com a ideia de ser responsabilizado pelo que está havendo na cidade, pelas razões expostas nos parágrafos anteriores.

Igualmente, elogiar esse cronista pelo que escreve é bater palmas para o vento que sopra, para o sol que brilha, pela nuvem que passa. Só exponho em palavras o que está acontecendo, o que todo mundo vê. Porém, isso não adianta para nada se os corações e mentes são tocados por esse texto, mas os braços e as pernas não se movimentam para colocar em prática as ações necessárias para corrigir a rota da cidade, que ruma à tragédia que dia após dia se agrava e é anunciada nas vozes lamuriosas do povo, que chora pedindo que alguém faça alguma coisa para salvar Taquaritinga.

Sinto muito por fazê-los perder seu tempo lendo o que escrevo, mas agradeço muito por me darem alguma atenção, apesar de imerecidamente. Escrever é minha forma de me desopilar de tanta tristeza por ver nossa cidade sofrendo tanto. Além de escrever, também rezo para este solo adorado volte um dia a ser abençoado pela voz da alma de Deus e podermos cantar Taquaritinga em vez de maldizer seus gestores municipais.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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