Produção de caminhões registra queda de quase 30% no primeiro trimestre

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No período de janeiro a março, a indústria brasileira de caminhões enfrentou uma redução significativa na produção, alcançando o pior desempenho para esse período desde 2017. De acordo com representantes do setor, o aumento dos preços e a falta de crédito são as principais causas dessa queda.

A produção de caminhões no Brasil totalizou 24.497 unidades no primeiro trimestre de 2023, representando uma redução de 28,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando foram produzidos 34,4 mil caminhões. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), essa diminuição está diretamente relacionada ao aumento nos preços dos caminhões devido à implementação do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) P8.

Foto: Divulgação Volvo

Para atender às exigências do Proconve P8, que tem como objetivo controlar as emissões de poluentes equivalentes ao padrão Euro 6, os veículos passaram a contar com novas tecnologias. Como resultado, os preços dos caminhões subiram em até 30%. Isso levou os compradores a buscarem as últimas unidades dos modelos com sistemas antigos, que ainda estavam disponíveis nos estoques das fabricantes e concessionárias.

Além da queda trimestral na produção, a Anfavea registrou uma retração no volume mensal. Em março, foram produzidos 12.325 caminhões, o que representa uma redução de 8,9% em comparação aos 13.531 fabricados no mesmo mês de 2022. Em relação às 8.123 unidades produzidas em fevereiro, houve uma diminuição de 51,7%.

A baixa demanda por caminhões resultou em mudanças na fábrica da Mercedes-Benz, que suspendeu um dos turnos de produção em sua planta em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista. A empresa estima que essa medida se estenderá por um período entre dois e três meses a partir de maio.

Uma possível solução para impulsionar a procura seria a criação de uma linha de crédito específica para a compra de caminhões com tecnologias mais limpas, conforme sugerido pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. Ele ressalta que isso poderia aquecer o mercado, e o vice-presidente da associação, Gustavo Bonini, concorda, destacando a necessidade de redução das taxas de juros e facilitação do acesso ao crédito.

Executivos da Anfavea já se reuniram com representantes do governo federal para abordar essa preocupação. No entanto, com a baixa demanda por caminhões no início deste ano, a produção do primeiro trimestre atingiu seu nível mais baixo desde 2017.

Foto: Divulgação Volvo

Produção de chassis de ônibus também registra queda

Assim como ocorreu no setor de caminhões, a produção de chassis de ônibus apresentou uma diminuição no primeiro trimestre de 2023. Segundo dados da Anfavea, foram fabricadas 4.015 unidades no período de janeiro a março, o que representa uma queda de 29,6% em comparação às 5.702 unidades fabricadas no mesmo período de 2022.

Além disso, em termos mensais, a produção de chassis de ônibus registrou uma redução de 19,1%. Em março de 2023, foram produzidas 2.421 unidades, enquanto no mês anterior esse número foi de 1.958. Conforme relatado pelas fabricantes, o aumento nos preços também foi um fator determinante para essa retração.

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