Clikando – A falsidade de se colocar no lugar da outra pessoa

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A importância de não justificar atitudes passadas em nome da empatia.

Por: Gabriel Bagliotti*

Na última semana recebi algumas mensagens vindas de uma pessoa ligada a administração municipal. De início confesso que não fiquei surpreso, tendo em vista que tal atitude foi mais corriqueira em um passado não muito distante. A parte reclamante, questionava a posição de O Defensor em relação a um assunto vivido nos últimos dias.

Durante a conversa a pessoa afirmou que deveria me colocar no lugar do outro, dando a entender que deveria me colocar no lugar da administração municipal, o que me fez pensar em relação a este ditado popular que corriqueiramente ouvimos em nossas conversas, sendo ele: “coloque-se no lugar do outro”.

Ditado este que é frequentemente usado como uma forma de encorajar a empatia e compaixão entre as pessoas. Sendo uma forma de tentar entender a perspectiva do outro, especialmente quando há conflitos e desentendimentos.

No entanto, em minha visão, existe um limite para a aplicação desse princípio. Quando uma pessoa ou um grupo age de forma bélica para alcançar seus objetivos, utilizando da humilhação, ofensa e da diminuição de outras pessoas, não é correto justificar essa “violência” em nome da empatia.

Infelizmente, vemos isso acontecer na política e em outras esferas da nossa sociedade, onde pessoas fazem de tudo para ocupar o lugar da outra pessoa. Por exemplo, quando um grupo político age de forma agressiva e ofensiva durante um certo período, tendo como principal objetivo a sua chegada ao poder.

Não pode ser correto justificar estes atos em nome de uma empatia. Isso não significa que devemos deixar de tentar entender a perspectiva do outro, mas sim que devemos reconhecer que certas atitudes tomadas no passado não podem ser justificadas ou toleradas, independentemente das circunstâncias.

Devemos ter em mente que ações geram reações e que, o correto para a solução dos conflitos e desentendimentos devem ser encontrados por meio do diálogo, da negociação e do respeito mútuo, não da ofensa, muito menos da forma que alguns políticos estavam acostumados a fazer em um passado recente da nossa história, onde o ataque era o esporte preferido.

Além disso, vir agora querendo por uma certa compaixão e uma busca por empatia para as tragédias recentes que estamos vivendo, não cabe neste momento. Como representante da imprensa que sou, acredito que devemos nos perguntar se é justo colocar as pessoas que estão sofrendo com mandos e desmando o que eles acham desta busca da empatia. Devemos lembrar que, muitas vezes, as pessoas que sofrem com essas ações não têm voz ou poder para se defender, e cabe a nós representantes da imprensa, sermos seus aliados e defender seus direitos e dignidade.

*Gabriel Bagliotti é jornalista responsável e diretor presidente de O Defensor.

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