Artigo: De Dom Pedro a Florisval Lui – fotografia, memória e um legado

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Por: Flávio Oliveira*

A história é feita por homens e mulheres que estão inseridos numa sociedade ou, em uma coletividade, resumindo: a história pertence a todos.

O ofício do historiador é separar todos esses conhecimentos produzidos ao longo do tempo, para assim observarmos transformações e permanências daquilo que pretende ser estudado. A memória é um dos requisitos mais importantes para os historiadores, pois é através dela que conseguiremos analisar diversos processos.

A memória é a reconstrução do passado sem o trabalho crítico do historiador e é realizada para atender interesses específicos. Vale lembrar que memória não é a mesma coisa que lembrança, sendo que esta última embarca uma experiência individual de um acontecimento. Portanto, memória é uma construção que pode ser transmitida para gerações seguintes e no nosso caso, a memória produzida foi através de fotografias.

A fotografia ao longo do tempo passou por diversas transformações, desde as primeiras experiências fotográficas no ano 350 a.C até com o uso de smartphones, onde você faz um registro instantâneo de um momento. No Brasil, a fotografia chega através do Imperador Dom Pedro II, que era fascinado por novas descobertas. Foi através do daguerreótipo, criado por Louis Jaques Mandé Daguerre (1789-1851) que desenvolveu esse novo sistema que era capaz de gravar imagens permanentes. O Imperador era tão fascinado que ao longo de sua vida, criou um acervo que ilustra as suas viagens ao redor do mundo.

Em Taquaritinga, Florisval Doly Lui nascido no dia 29/05/1926 aqui em nossa cidade, foi responsável por registrar diversos momentos da nossa história, onde a curiosidade o impulsionava para tirar fotografias incríveis. Segundo fatos apurados por mim, seus filhos – Flávio e Fúlvio Lui -, estimam que seu pai tenha registrado em torno de 100 mil fotografias, fora os negativos que ainda não foram revelados. Após registrar suas fotos, Florisval fazia todo o tratamento de revelação no laboratório instalado em sua própria casa.

Os registros começam a partir do final dos anos 30 e ao analisar cada foto, viajamos no tempo; desde os carnavais de rua, passando boa parte da construção da Igreja Matriz e fotos do cotidiano. O senhor Florisval Lui fez um trabalho de excelência para nós que vivemos no Século XXI, era das informações rápidas e da perca do estímulo em revelar fotos e ter álbuns em casa. Com o passar dos anos, Florisval começa a entregar seus negativos para serem revelados por outro grande fotógrafo da cidade, Reinaldo Morano que também fez grandes e belos registros de Taquaritinga.

Infelizmente, Florisval Lui partiu no final dos anos 70 e é por isso que o seu legado tem de ser valorizado. Dessa forma, convido você caro leitor e leitora a participarem das comunidades no Facebook que contém esse rico registro do senhor Florisval Lui; basta pesquisar por Acervo Público Digital de Taquaritinga e Histórias de Taquaritinga e apreciar sem moderação.

Até mais!

*Flávio Oliveira é Professor de História e Filosofia na rede pública do Estado.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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