Artigo: O Anarquismo importado da Itália para Taquaritinga – o germe da luta dos trabalhadores (parte I)

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Por: Flávio Oliveira*

Taquaritinga já foi palco de alguns atos que chocaram uma parcela dos munícipes, como a tentativa de golpe nas instituições democráticas brasileiras que observamos recentemente. Entretanto, não há como esquecer que a nossa cidade protagonizou e tem um forte histórico de luta dos trabalhadores e trabalhadoras.

A história é produzida diante de ações humanas, porém, a construção de uma narrativa, muitas vezes, pode ser contada de outra forma – como por exemplo, a exaltação de figuras que representam um grupo social distinto, considerando o que consta nos documentos históricos como “verdades absolutas”, minimizando ações, que são oriundas das classes trabalhadoras e de grupos minoritários.

Transformar essa forma de escrever história só é possível se colocarmos as mãos na massa. Por isso, é importante falar aqui sobre uma história que não pode ser esquecida: o anarquismo importado da Itália para nossa Taquaritinga.

Na década de 1930 ocorre um fenômeno muito interessante por aqui: a união entre comunistas e anarquistas na luta contra o fascismo. Em entrevista com Douglas Braga, ele afirma:

“A região do Farwest, onde ficava o antigo Cine São Benedito, grosso modo, era considerado reduto de comunistas, sendo que o partido comunista tinha uma célula organizada bastante atuante na cidade. Até mesmo antes do partido, inúmeros primeiros de maio foram organizados por anarquistas e comunistas, numa união rara de acontecer. Meu avô, italiano anarquista, fez parte desses eventos se unindo aos comunistas em defesa dos interesses dos explorados, como pontuo no livro [Alguma Memória].  (Entrevista realizada em 12/08/2020)

No início do século XX, vários processos aconteceram no Brasil com a chegada dos imigrantes, todos com influência anarquista. Sendo assim, esse fluxo de pessoas desenvolverá um papel fundamental no amadurecimento dessas ideias, na qual a base de sua luta está voltada à classe operária naquele período.

Na parte dois, trarei mais detalhes a respeito deste processo histórico.

*Flávio Oliveira é Professor de História e Filosofia na rede pública do Estado.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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