Bolsonarismo: cai o pilar econômico

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Por: Luís Bassoli*

Na quinta-feira (13/1), o presidente bolsonaro editou decreto que restringiu a responsabilidade pela execução do Orçamento de 2022 do Ministério da Economia, comandado pelo economista Paulo Guedes, e deu poderes para a Casa Civil, do senador Ciro Nogueira (PP), um dos líderes do Centrão.

Na prática, a medida faz do outrora “superministro técnico” Paulo Guedes um mero funcionário figurativo, subalterno ao político Ciro Nogueira, um “cacique do Centrão”.

Assim, desaba o segundo pilar das duas principais expectativas dos raros brasileiros que ainda acreditam no presidente: o combate à corrupção e as adequações liberais na Economia.

O ex-juiz parcial Sérgio Moro saiu do Ministério da Justiça acusando o ex-chefe de interferência na Polícia Federal para blindar seu bando e estabelecer a corrupção como política de governo.

Paulo Guedes permanece, por ora, no Ministério da Economia, mas sem nenhum poder de fato.

Especulação sobre o futuro de Bolsonaro

A sequência de pesquisas eleitorais aponta que o apoio ao presidente está restrito em torno de 20% dos eleitores.

As perspectivas de reeleição estão cada vez mais distantes. Assim, cresce a especulação de que bolsonaro poderia desistir da disputa presidencial e tentar uma vaga no Senado, talvez por Santa Catarina, onde tem mais apoio.

A tese é que, no Senado, bolsonaro garantiria o “foro privilegiado” no STF, no qual os ministros por ele indicados – sobretudo o “terrivelmente evangélico” André Mendonça – impediriam que fosse preso de imediato.

A preocupação é pertinente, por vários fatores, em resumo:

  1. Se não se reeleger, bolsonaro fica sem cargo público, e pode ser investigado e preso, preventivamente, por ordem de algum juiz de primeira instância;
  2. Motivos para ser preso não faltam, são incontáveis as ações criminosas praticadas pelo presidente-miliciano;
  3. Não faz muito tempo, o juiz da 27.ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Flávio Itabaiana, mandou prender Fabrício Queiroz, braço direito da família bolsonara.

Conclusão

O governo bolsonaro naufragou em todos os aspectos – e não há esperança de melhora.

O número de incondicionais apoiadores não tem capacidade de viabilizar sua reeleição, mas ainda se mostra suficiente para elegê-lo senador e garantir, assim, o foro privilegiado.

Para tanto, terá que renunciar à presidência, no prazo da Legislação Eleitoral. Mas isso é assunto pro próximo artigo.

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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