Artigo: Eu sei o que vocês fizeram no verão passado…

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

Falta muito para terminar 2021? Mais um ano daqueles… O ano passado parece que não existiu, essa afirmação amparada na questão temporal, todavia fomos assolados por inúmeras tragédias. Vi amigos falecerem vitimados pela Covid-19, dessa forma aconteceu com vários parentes, mas a morte de meu pai abalou-me profundamente. Triste. Sem despedidas. Um verdadeiro ceifar. Só realmente quem perde, é capaz de se solidarizar com os demais. Altruísmo é uma palavra difundida diariamente, contudo poucos são os que a praticam. Caridosos são muitos, estes a fazem com intuito de obter algo em troca – até mesmo uma vaga no Céu. Inúmeros são assim. Enquanto muitos morrem de fome há aqueles que insistem em expressar sua homofobia, seu preconceito dantes velado, usam de seu poder de representante popular para disseminar o ódio, ampliar o preconceito, escancarar o racismo. Estamos de cócoras à espera de um futuro incerto, feito aquele matuto descrito por Monteiro Lobato em “Urupês” à espera do viajante passar. Picando o seu fumo. Descontando os dias diante da morte que se avizinha.

Retrocedemos ao esperar um futuro que não chegará, acreditando em mitos que nunca existiram, em promessas bradadas por marqueteiros que da persuasão constroem o seu futuro financeiro, acomodam-se e mandam-nos pastar. E assim seguimos, feitos burros no pasto esperando que algo extraordinário aconteça. É assim, foi assim. O Brasil foi descoberto com promessas, recheado de discursos de um futuro vislumbrado, todavia esse nunca chegou, muito menos ancorou.

Somos doentes. Vivemos num mundo adoentado. Cercado pelo enriquecimento das indústrias farmacêuticas e daqueles que lucram com a morte. Remédios aos montes ingeridos, quites e mais quites ampliando ao lucro daquele que sorri diante de mais um falecimento. Nunca antes na história deste País 610 mil mortos foram tão comemorados. Não por você, não por mim, mas por aqueles que bateram no peito achando ter encontrado um Salvador da Pátria. Elegeram um pária, que não soube lidar com a crise pandêmica, não conseguiu controlar o número de desempregados, assumiu o risco de mais mortos ao propagar à fome, solidificou o aumento constante dos combustíveis, acelerou ao aumento dos preços da cesta básica, tratou o pobre trabalhador brasileiro com desdém… mas, quando foi que este presidente da República pensou nas camadas inferiores deste Brasil? Sempre propagou o ódio, estimulou o preconceito, alimentou o racismo, difundiu seu amor pelos mais ricos deste vasto território. Você sabia, e, ainda assim, depois de insucessos internacionais, discursos constrangedores e a gestão trôpega continua a defendê-lo. Por quê? Pensas como ele pensa, continua agindo e se utilizando do que mais sabem realizar: a emissão de fake news. Vive de cargos comissionados, alimenta-se do estar político. Sempre foi assim. Acumulou seus bens desta forma: com o dinheiro público. Consegues dormir com a consciência desobstruída? Não acredito. Caso isso aconteça, não possuis senso. Acredita que poderás carregar seu capital quando aos vermes for jogado. Enterrado. Sufocado num caixão. Cimentado a mais de sete metros da superfície. Seus bens não o acompanharão. Os mais nojentos seres vivos se apossarão de seus órgãos fétidos, impuros e deles farão a sobrevivência dos mais longevos seres.

Ah, como gostaria de ser, agora, um Augusto dos Anjos para através destas minhas palavras desejar-te as fezes, todavia não flerto com o sombrio, fujo do Simbolismo desavisado e sem sucesso; procuro dialogar com a Vida, esta que tu não conheces. Pode sim viver, perambular por aí, ostentar carros, casas, empresas ganhas com o dinheiro popular, todavia estás morto perante à essência, é amedrontado por sua consciência, por seus monstros interiores, salvo por suas cartelas de tarja preta que dançam com o copo de uísque. Bebes, tu o sofrimento, a amargura que fizestes outros passarem. A vida é curta, meus irmãos, e não haverás tempo para se desculparem. Infelizmente.

Post Scriptum: ao chegar de 2022, não mude de barco apenas para navegar em mais um cargo político. Como diz a película: “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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