Artigo: A primavera queimada

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Por: Luiz Roberto Vasconcellos Boselli*

Os nefastos e catastróficos efeitos do aquecimento global – CHEGARAM! Esquentamento das águas dos oceanos, rios com menor volume de água, queimadas sazonais, acontecem em menor tempo entre uma e outra não permitindo, em tempo hábil, a recomposição plena das florestas. É deveras sabido, que o efeito estufa é intensificado pela derrubada de floresta e por suas queimadas, pois são elas que regulam a temperatura, os ventos e nível de chuvas. É assaz sabido, que como as florestas estão diminuindo, no mundo, a temperatura terrestre tem aumentado. Os sacrifícios nacionais de plantas, aves e animais silvestres calcinados – sacrifícios? Caso fossem – com certeza seriam sacrifícios em vão! FaunaeFloracídios? Segundo Boff (2008) “Os seres humanos podem ser homicidas e genocidas, como a história tem mostrado, e podem também ser biocidas, ecocidas e geocidas”. Em 1984 foi criada, nas Nações Unidas, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento para avaliar os avanços dos processos de degradação ambiental e a eficácia das políticas ambientais para enfrentá-los. Em 1988 a Comissão publicou conclusões num documento intitulado “Nosso futuro comum”. Aparece, então, uma configuração política para apresentar a sustentabilidade ecológica, como condição para a sobrevivência do gênero humano, através do esforço compartilhado de todas as nações. O desenvolvimento sustentável é um processo que permite satisfazer as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade de atender as gerações futuras. O princípio de sustentabilidade surgiu como uma resposta à fratura da razão modernizadora e como uma condição para construir uma nova racionalidade produtiva, fundada no potencial ecológico e em novos sentidos de civilização a partir da diversidade cultural do gênero humano. Em 1992, no Brasil/Rio, foi celebrada a Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e Desenvolvimento. Naquela oportunidade foi elaborado e aprovado um programa global – Agenda 21 – para regulamentar o processo de desenvolvimento com base nos princípios da sustentabilidade. Desta maneira foi sendo prefigurado uma política para a mudança global que busca dissolver as contradições entre meio ambiente e desenvolvimento. Em 1997, no Japão/Kyoto, aconteceu a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Na oportunidade foi elaborado o – Protocolo de Kyoto – cujo conceito básico acertado é o da “responsabilidade comum, porém diferenciada” – o que significa que todos os países têm responsabilidade no combate ao aquecimento global, porém aqueles que mais contribuíram historicamente para o acúmulo de gases na atmosfera (ou seja, os países industrializados) têm obrigação maior de reduzir suas emissões. Em 2008, na 4ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, foi realizado nova revisão do Protocolo de Kyoto. Atualmente, acerca do que foi acordado, no Brasil e no Brasil, por todos os signatários presentes, onde estão, em nosso planeta as efetivas intenções e concretas ações implantadas e desenvolvidas?! A maioria das propostas, sabemos, ainda estão em discussão… ah! Mas aqui, no Brasil de hoje, a culpa é do ribeirinho! Aquele que não tem certidão de nascimento, não tem documento de identidade, não existe oficialmente enquanto cidadão brasileiro. Mas é o culpado pelo fogaréu! E, é bem provável, que não demore muito, para dizerem que Greta Thunberg (ativista do clima) está causando pânico nas pessoas. Guattari (1990) afirma que só uma articulação ético-política (ecosofia) – entre os três registros ecológico – o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade, é que se poderia dar respostas ao nosso amado planeta, nos dias atuais. Não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de que se opera uma autêntica revolução política, social e cultural reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. Segundo consta na Carta da Terra – “Devemos somar esforços para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.”

*Luiz Roberto Vasconcellos Boselli é docente da Unesp/Marília –  [email protected]

**Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião de O Defensor!

 

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