Artigo: Eles não estão apenas no Leblon!

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

Semana passada quando observei aquele registro fotográfico, cujas pessoas aglomeravam-se em bares e restaurantes do Leblon, bairro carioca, após meses em que os estabelecimentos comerciais permaneceram fechados devido ao rigor estabelecido pelos órgãos competentes de Saúde, indiguinei-me. Porém, antes de escrever e postar em minhas redes sociais verifiquei a veracidade do registro. Com a certeza do momento fotografado e do descaso exposto pelas pessoas que ali estavam, tratei logo de elaborar meu argumento e publicar. Não demorou muito para que a diversidade de posições aglomerasse. Foram centenas de comentários, em sua maioria persistia a indignação. Mas confesso que houve comentários defendendo os insanos, aglomerados feitos galináceos sobre o poleiro quando o sol se põe.

Insatisfeito com a cena da aglomeração no Leblon, e não com a que se enfileirava nas redes sociais, lembrei-me daqueles cidadãos (Cidadão sim! Substantivo que designa o habitante da cidade; indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direitos civis e políticos por este garantidos e desempenha os deveres que, nesta condição, lhe são atribuídos), que mesmo não desejando saem para o trabalho, nesse momento que deveríamos ficar em casa, para que consigam o sustento às suas famílias ou os profissionais da Saúde, que são vítimas diretas da Covid-19 ao se submeterem aos cuidados com os pacientes covitados. Eles lutam, labutam; nós nos sacrificamos ficando em casa; aqueles, debocham dos cuidados, negam à Ciência, acreditam que é apenas uma “gripezinha”, festejam aos títulos buscados da doença que já matou milhões de cidadãos pelo mundo.

É necessário que o comércio retorne com suas atividades amparados diante dos protocolos de Saúde Pública, porém atitudes inumanas devem ser execradas, combatidas, expostas e esses devem pagar, segundo as penas legais. As festas, encontros que ainda acontecem, alimentando às aglomerações, partem daqueles que não possuem nenhum altruísmo pelo seu semelhante, seres acostumados à sua bolha, navegando por um mar de insanidades e aberrações, violando condutas éticas e impondo protocolos morais amparados em suas verdades. Estas que se solidificam pelo descaso com a Educação e Cultura, todavia se ancoram em seres cujo coração se petrifica, e renasce com o consumismo, com os brados de uma competição desenfreada e a certeza de que existe alguém superior casado com esse tipo de comportamento.

Quando um Chefe da Nação não se pronuncia diante do maior número de mortos da história de um país, que estimula aglomerações, bate no peito exaltando o seu patético físico de atleta, que encara a Covid-19 como uma gripezinha e veta proibições ao uso da máscara, há a certeza de que os dias serão turbulentos, que a morte foi banalizada, que os quase setenta mil mortos no Brasil são apenas números e que os seus seguidores, realmente, não pertencem à raça humana.

Não podemos rotular apenas o Leblon como o local escolhido pelos insanos, pois inúmeros lugares, espalhados pelo País cometem tal atrocidade. Locais em que o desrespeito tornou-se marca registrada a doença fez questão de se proliferar e a curva ignorar o que chamam de pico. Não fizemos a lição de casa. Não nos guardamos no momento em que era para cumprir a quarentena, pois a insensibilidade pairou sobre peitos atléticos e cérebros disformes. Até o momento em que não tenhamos a garantia de uma vacina que combata esse vírus, qualquer atitude que coloque vidas em risco, é a ineficácia de sentimento pelo próximo, atrocidade contra a vida. Gestores estaduais e municipais possuem a obrigação de executarem medidas contra o desrespeito, entretanto o livre-arbítrio é quem gesta os inconsequentes espalhados por aí.

Eles não estão apenas no Leblon. Será que você já não se cansou de vê-los próximos de ti? Confessa!

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor da Rede Adventista em Santa Catarina; Corretor de Textos em “Redação sem Medo”.

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