Artigo: Aumento da obesidade infantil

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Por:  Arthur Micheloni*

Na última semana, foi divulgada uma pesquisa que aborda o aumento da obesidade infantil no Brasil, um tema de relevância crescente. De acordo com o estudo conduzido por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London, entre 2001 e 2014, observou-se um incremento médio de 1 centímetro na estatura infantil. Além disso, houve um aumento considerável na prevalência de excesso de peso e obesidade, com a prevalência de obesidade entre os grupos analisados subindo aproximadamente 3%. Esses resultados foram publicados na revista The Lancet Regional Health – America e são baseados na observação das medidas de mais de 5 milhões de crianças brasileiras. É importante ressaltar que tais descobertas evidenciam um desafio significativo para o Brasil e para outros países em todo o mundo, que ainda estão distantes de atingir a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de conter o aumento da prevalência da obesidade até 2030. A notícia foi divulgada pela Agência Brasil em 2 de abril deste ano.

A obesidade infantil tem emergido como uma preocupação crítica nos últimos anos, levantando questões importantes sobre os hábitos alimentares e de estilo de vida das crianças brasileiras. Esse fenômeno reflete uma série de fatores interligados, que vão desde mudanças nos padrões alimentares até o aumento do sedentarismo e o crescente uso de telas digitais na vida diária das crianças. Uma análise aprofundada do papel da alimentação é fundamental para compreender a questão da obesidade infantil. O Brasil tem testemunhado uma transição nutricional nas últimas décadas, caracterizada pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em calorias vazias, açúcares e gorduras saturadas. A disponibilidade facilitada desses produtos, frequentemente promovidos por estratégias de marketing agressivas direcionadas ao público infantil, tem contribuído significativamente para o consumo excessivo de calorias e para a deterioração da qualidade da alimentação das crianças.

Além disso, o sedentarismo se tornou uma preocupação crescente entre os jovens brasileiros. A rápida urbanização, juntamente com o aumento do uso de tecnologia, resultou em uma redução significativa da atividade física entre as crianças, que agora passam mais tempo em atividades sedentárias em frente às telas do que brincando ao ar livre. A falta de exercício regular não apenas contribui para o ganho de peso, mas também aumenta o risco de desenvolvimento de uma série de condições de saúde, incluindo diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

As noites e madrugadas passadas em frente a telas de celulares, tablets e computadores também desempenham um papel significativo no aumento da obesidade infantil. A exposição prolongada à luz azul emitida por esses dispositivos interfere nos ritmos circadianos das crianças, perturbando seus padrões de sono e aumentando o risco de ganho de peso. O tempo gasto em atividades sedentárias durante a noite muitas vezes substitui o sono adequado, que é fundamental para um metabolismo saudável e o controle do peso.

Além das sugestões mencionadas anteriormente, é fundamental adotar medidas adicionais para enfrentar esse desafio crescente da obesidade infantil. Incentivar hábitos alimentares saudáveis, como o aumento do consumo de frutas e vegetais e a redução de alimentos ultraprocessados, é um passo importante. Além disso, é essencial promover a prática regular de exercícios físicos e limitar o tempo de tela, incentivando atividades ao ar livre e momentos de desconexão digital. Estabelecer uma rotina adequada de sono também é crucial para a saúde geral das crianças.

No entanto, reconhecemos que mudar comportamentos alimentares e de estilo de vida não é tarefa fácil e requer um esforço conjunto de diferentes setores da sociedade. É importante envolver escolas, famílias, profissionais de saúde, autoridades governamentais e a indústria alimentícia em iniciativas abrangentes para promover hábitos saudáveis desde a infância. Educar as crianças sobre escolhas alimentares saudáveis, fornecer acesso a alimentos nutritivos e incentivar a prática regular de atividade física são passos cruciais para combater a obesidade infantil e promover um futuro mais saudável para as gerações futuras.

Em resumo, a luta contra a obesidade infantil exige uma abordagem abrangente e colaborativa, envolvendo pais, educadores, profissionais de saúde e autoridades governamentais. Afinal, nossas crianças são o futuro e merecem todo o apoio necessário para crescerem saudáveis e felizes.

* Arthur Micheloni é Fisioterapeuta, pós-graduado em Osteopatia, Fitoterapia, Ortopedia e Traumatologia, discente e adepto da Medicina Integrativa, Professor de Ciências Biológicas e graduando em Nutrição – e-mail: [email protected].

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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