Artigo: Bolsonarismo: minúsculo pela própria natureza
Por: Gustavo Girotto e Raphael Anselmo
Jair Bolsonaro será preso – é consenso no mundo jurídico e político. Sua iminente detenção não será pelo caso da apropriação indevida das joias ou na tentativa de vendê-las nos EUA, tão pouco será por fraude no cartão de vacinação, ou muito menos pelas milícias digitais. Será pela tentativa da Abolição do Estado Democrático de Direito e de Golpe de Estado.
A Polícia Federal já soma provas suficientes, inclusive com filmagens, de que Jair era o principal mandante do crime. Quando Bolsonaro convoca uma manifestação em prol da Democracia, trata-se apenas da conhecida narrativa mentirosa, charlatanismo para tirar o seu da reta e manter os antolhos firmes em sua multidão de seguidores.
Não houve, não há e nunca será em defesa da Democracia. Bolsonaro e democracia são como óleo e água – aliás, isso já foi foco de um estudo do professor de Harvard, Steven Levitsky, em seu livro “Como as democracias morrem”.
A maioria dos brasileiros, como nas urnas, ignora o desespero do inelegível – e a razão é simples: – educadores de verdade votaram para não ouvir mais “professores doutrinadores são piores do que traficantes de drogas”; advogados e juristas modelares votaram contra conspiradores da Constituição; Jornalistas de verdade lutaram contra um presidente que disse “veículos de comunicação são piores do que lixo, argumentando que o lixo ao menos pode ser reciclado, enquanto a mídia, na visão do ex-presidente “não serve para nada”. Médicos de verdade vetaram alguém que atacou a vacinação e questionava a honestidade da Anvisa; Cientistas lutaram contra o negacionismo; Atores e artistas deram não ao Bolsonaro, que fez da arte e da cultura duas de suas principais inimigas. Famílias derrotaram a política da dependência de doação de ossos para se alimentar. Portanto, nada mais justo do que não ir ouvir um golpista como Bolsonaro, um explorador da fé como Silas Malafaia, ou essa ‘gente’. Vale o domingo para jogar tênis, sinuca, golfe, comer frango ou Picanha.
Mas em qual contexto Taquaritinga se posiciona nesse imbróglio todo? O eleitorado carente da pequena cidade, no qual se entusiasmou, inclusive nós, com a campanha e o empenho eleitoral do prefeito -, agora afastado por decisão judicial (leia-se o primeiro da história pós-Constituição que passou por tal vexame), hoje está baldo. Pior, assiste um filme que se repete a cada quatro ou cinco anos, relembrando: começou com o Aécio Neves, passou pelo Japonês da Federal, Sérgio Moro e agora aqui no nosso quintal? Sim!
No contexto geral, até parece que houve um alinhamento do cosmo, – os deuses do olimpo agora olham para a pequena cidade. Ao mesmo tempo, também emerge um vereador de oposição ao prefeito bolsonarista afastado, que vai em ato contra a democracia pelo qual é eleito.
Somado tudo isso, como não se questionar que políticos eleitos e que querem manter-se no processo democráticos, inclusive no executivo, podem apoiar atos golpistas? Não vai dar certo.
Atos assim diz muito sobre a atual situação e o futuro da cidade – há de convir que Taquaritinga não chegou aonde chegou única e exclusivamente pelo prefeito afastado, mas por soma de fatores, inclusive históricos, que explica a deplorável posição financeira e econômica da cidade.
Taquaritinga precisa urgente de uma frente progressista, caso contrário, caros leitores, se manterá atrasada, estagnada. Hoje é uma engrenagem enferrujada, quebrada, sem óleo, na economia brasileira. Não atoa reduziu sua população em 2 mil pessoas nos últimos 12 anos. Pobre cidade, tão entrelaçado com o liberalismo imaginário que a corrói todos os dias. E o prefeito e o vereador que sonha em ser prefeito? Lamentamos, estão mais próximos do futuro do Bolsonaro do que colocar Taquaritinga na rota do crescimento. Só um detalhe – pedido de anistia para golpistas na Paulista, como gostam os taquaritinguenses, tem sobrenome: confissão de crime….
*Gustavo Girotto é jornalista.
**Raphael Anselmo é economista.
***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.