Crônica: Lacrou!
Por: Sérgio Sant’Anna
Há mais de vinte anos (depois de quase três décadas, começamos a buscar vocábulos que minimizem os impactos do tempo. Lembro-me daquela poesia da Cecília Meireles, que não se reconhece mais no espelho. Em, “Não vou me adaptar”, a galera dos “Titãs também narra esse encontro com a experiência.) acompanhando as temáticas redacionais do Exame Nacional do Ensino Médio, desde o embrionário, lá de 1998, editado pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato, nota-se as mudanças positivas galgadas a cada ano em que o Exame acontece. Embora houvera muitos tropeços ao longo deste caminho, o ENEM sai vitorioso, e mais ainda, contemplada a geração que possui o Exame Nacional do Ensino Médio como passaporte para as melhores universidades do Brasil.
Nos últimos anos o exame administrado pelo Ministério da Educação através do INEP passou por momentos nunca antes visto na história deste País. Desde a era Temer o número de inscritos diminuiu muito, assim como a confiança dos brasileiros em relação aos mandantes até o ano de 2022, todavia nestes últimos dois anos o número de inscritos vem aumentando e transformando o Exame Nacional do Ensino Médio neste real e mais eficaz mecanismo para o ingresso às universidades. Embora os vestibulares tradicionais ainda sejam muito bem acolhidos por docentes e discentes.
No último domingo quando mais de quatro milhões de estudantes brasileiros se submeteram a mais esta avaliação, numa prova com 90 questões e mais uma redação para o tempo total de cinco horas e mais trinta minutos, a ansiedade fez parte de muitos corações. Aluno tomando ritalina, outros buscando sertralina, e muitos desses sem o controle médico; pais mais nervosos que os filhos; atrasados retirando os seus calçados para que pudessem correr mais, tudo isso fruto da ausência de organização. Organização familiar e, consequentemente, a não organização por parte dos cursinhos pré-vestibulares quando se ausentam em passar as últimas dicas e tentar controlar a ansiedade dos seus discentes. Neste momento há que se ter empatia, zelar pelo cuidado do aluno que se submete a este tão esperado desafio.
Quando a proposta de redação traz à tona a temática da herança cultural africana e com ela seis textos de apoio, abre-se a possibilidade dos concorrentes disputarem uma vaga na universidade pública e conseguirem ingressar. Escrevo sobre esta última linha, pois apesar das temáticas sociais brasileiras, ainda, preserva-se a busca pela reflexão, pelo exercício do pensar. E desta vez não foi diferente. Tema que o vestibular sempre faz questão de enfatizar. Através de discussões acaloradas e robustas.
Espero que tenhamos muitos universitários a partir do próximo ano, ou seja, seres capazes de pensar e refletirem sobre o que falam e o que recebem como informação. Pois, as pautas sociais necessitam serem discutidas e preservadas pelos cidadãos de bom senso. Parabéns aos organizadores e aos nossos estudantes.
*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.