18 de dezembro de 2024
Geral

Artigo: A escrita e o vestibular

Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

A dificuldade para escrever um texto ancora-se nas teclas (muito poucas esferográficas, apesar dos Exames e Vestibulares exigirem) dos celulares dos nossos alunos. Uma série de fatores são os responsáveis por essa tragédia, pois a escrita é a expressão do pensamento, depositado através de rabiscos perfeitos duradouros, símbolos eternizados. Porém, cada vez mais, os chamados “textões” desaparecem e com eles as ideias claras, concisas e objetivas. É um mito afirmar que o texto dissertativo-argumentativo (quantitativo) eleva o risco da produção prolixa. Questão de prática, leitura e hábito.

A ausência de leitores capazes de interpretar um texto simples aumenta e com ela o surgimento de leitores de manchetes. Aqueles habituados a passar os dedos pelas telas de seus celulares e focarem-se nos títulos ali expostos e ao contrário do que leem são ensinados, adestrados a não colocarem nomes nas suas obras (é como um filho sem nome). Esses leitores, quando produzem textos, elevam-se a mais alta potência cerebral para produzir algumas linhas: desorganizadas argumentativamente (quando há argumentos), estruturalmente (não sabem distinguir introdução, desenvolvimento e conclusão) e amparam-se nas cifras do internetês. Pobre Pátria Juvenil, que já bebeu das palavras ultraformais de Olavo Bilac, bailou pelas músicas poéticas de Bandeira, umedeceu-se na simplicidade de Quintana, refletiu e questionou o armamento sempre atual de Lima Barreto. Choram as rosas (nem isso mais). Para ser um produtor de textos para o vestibular há que ser um leitor voraz. Aquele que passa pelos periódicos, mas não se esquece dos clássicos; aquele que se liga à música de ontem e hoje; esse que perpassa pelos filmes e pelas séries. Um leitor capaz de não deixar que essas ideias morram, um escritor capaz de dinamizá-las, colocá-las no texto de forma que aquilo seja prático, vivo e atual.

Um produtor de texto argumentativo (especificamente o dissertativo) jamais deixa de praticar, pois sabe que o hábito é seu amuleto, é ele que o orientará. Um escritor competente, você vestibulando,   não se apega à construção das obviedades, investe no diferente, sai do senso comum, busca o específico para chegar a uma conclusão.

Enquanto ficares aí achando que “Redação” é “mamão com açúcar”, que todos fazem, estarás fadado ao desmanzê-lo e falta de organização. Escrever é 90% de transpiração e 10% de inspiração. Não acredite que sejas capaz de psicografar, pois és ainda mortal e como todos há que se dedicar. Leia já! Escreva agora!

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.