22 de dezembro de 2024
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Diagnóstico e tratamento oncológicos não devem ser adiados na pandemia, aponta médico da Unifesp

O oncologista Ramon Andrade de Mello alerta que os cuidados devem ser mantidos para evitar prejuízos irreversíveis à saúde.

O repique de aumento de casos do novo coronavírus reforçou as preocupações da população, principalmente para o grupo de pacientes com câncer. Apesar de necessitarem cuidados redobrados com a Covid-19, eles devem continuar os tratamentos, assim como as consultas e exames para diagnóstico não podem ser postergados. “A doença oncológica deve ser tratada como prioridade tanto pela população como pelas autoridades médicas. Adiar os cuidados pode trazer prejuízos irreversíveis”, enfatiza o oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), da Uninove e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).

No primeiro semestre de 2020, o primeiro surto do novo coronavírus provocou queda acentuada na procura do diagnóstico e tratamento para o câncer tanto em instituições privadas quanto no sistema público de saúde. “O fenômeno não foi exclusividade brasileira. Países de todo o mundo também registraram redução significativa dos cuidados com os pacientes oncológicos”, explica o pesquisador da Unifesp.

A experiência com o novo coronavírus ajudou a encontrar soluções para o atendimento desses pacientes e hospitais, clínicas e laboratórios adotaram protocolos mais seguros garantindo o distanciamento adequado e criando alas separadas para casos suspeitos de coronavírus. Em março, o CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou a telemedicina, ampliando os canais de comunicação e atendimento entre os profissionais e seus pacientes. “A ferramenta é importante para o acompanhamento e avaliação clínica, por exemplo, pós-quimioterapia. Entretanto, ela não atende todas as demandas de uma consulta clínica, principalmente para aqueles casos que necessitam de uma avaliação minuciosa, seja na primeira consulta ou em outras ocasiões ao longo do processo de diagnóstico da doença”, explica o especialista.

Ramon de Mello reforça ainda que a letalidade do câncer de pulmão, por exemplo, alcança 99% para pessoas de qualquer idade caso não seja diagnosticado e tratado de forma adequada. Enquanto entre 6% e 10% das pessoas diagnosticadas com Covid-19 acima de 80 anos de idade podem morrer: “O adiamento do diagnóstico e tratamento pode trazer ainda um aumento do atendimento desses pacientes após essa fase de pandemia. A demanda será muito alta para os sistemas de saúde”.

Sobre Ramon Andrade de Mello

Oncologista clínico e professor adjunto de Cancerologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Câncer de Pulmão no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).

O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é membro do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology – ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology – ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology – ASCO).

O oncologista é do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital 9 de Julho, em São Paulo, SP, e do Centro de Diagnóstico da Unimed (CDU), em Bauru (SP).