21 de novembro de 2024
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Artigo: Profissão – professor!

Por: Prof. Sérgio A. Sant’Anna

Em 1999 quando terminava a Faculdade de Letras, o magistério já me absorvera. Escolas públicas no interior do Estado de São Paulo são inúmeras, diversas que ainda mantêm a qualidade almejada, embora nossos governantes insistam no dizimar da Classe. Professores excelentes tive como pilares, assim como diretores e dirigentes envolvidos com a causa, que olhavam para o aluno como aquele quem olha ao futuro alimentando à esperança. É fato que os problemas eram inúmeros, desde a infraestrutura até os problemas pessoais carregados pelo discente até a sala de aula, resultando na danada da evasão.

Estabelecido no Rio Grande do Sul, especificamente na capital dos gaúchos, Porto Alegre, desde 2007 (retornei à Taquaritinga em 2009 e fiquei até 2011) , não tive o prazer de retornar ao Ensino Público; entre idas e vindas, nesses quase treze anos de POA restringi-me por três anos à Educação Social, sendo por duas vezes Coordenador da Fundação Fé e Alegria do Brasil-RS, pertencente à Companhia de Jesus (Jesuítas), cujos problemas sociais são combatidos com ideias e esforços pouco difundidos pela mídia e sociedade nacional. Na periferia de Porto Alegre, convivendo com cidadãos esquecidos pelo Poder Público, tive a sensação de que o ser humano só merece uma oportunidade, e a Educação é o único caminho. O combate ao tráfico, assim com outras tantas medidas anunciadas em toda campanha eleitoreira, não se concretizará, porque o investimento deve ser na Educação. Alimentar, fornecer vestimentas, abrigo aos que mais necessitam são necessários, porém o cidadão só se tornará independente e capacitado a partir do momento que o conhecimento for a ele fornecido. É essencial que ele saiba de seus direitos, todavia é imprescindível que ele passe a exigi-los e a Escola, através dos mecanismos educacionais nos liberta, desenvolve-nos… eles necessitam serem avisados, a Escola não pode cair no esquecimento, os professores não podem ser tratados como seres descartáveis, os cursos para docência não podem ser o último recurso àquele que foi reprovado em todos os cursos e depois opta por ser professor.

Semana passada lia o periódico gaúcho como faço habitualmente, Zero Hora (transformado pelo taquaritinguense jornalista Augusto Nunes), e lá se estampava a notícia que o curso de História estava entre os dez mais requisitados neste ano pela UNICAMP (Universidade de Campinas), embora não seja o meu curso faz parte da carreira docente. Dentre os professores que falavam a respeito desse fenômeno estava o professor Leandro Karnal, formado aqui na Universidade do Vale dos Sinos e hoje catedrático da universidade paulista. A busca pelo magistério foi o último argumento utilizado pelo entrevistado assim como os outros consultados; a busca pelo conhecimento e a polarização eram os recursos buscados pelos futuros professores.

Faz-me tão bem verificar aquele que opta pela carreira docente pelo amor ao conhecimento, pelo prazer em dialogar com o outro, mostrar caminhos, alimentar sonhos, fazer com que contemplem o horizonte. Tenho dois ex-alunos que hoje são professores em um dos cursinhos pré-vestibulares que ministro minhas aulas de Redação aqui em Porto Alegre. Foram meus alunos em 2014, cursaram a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e hoje são professores de Gramática e Redação. Competição? Não. Complementamo-nos. É assim que deve ser. Buscarmos essa união perdida, desintegrada muitas vezes pelo ambiente da sala dos professores ou pela consulta em denegrir o próprio colega. Hoje quando leio, que a adesão à greve dos professores estaduais aqui no Rio Grande do Sul surpreendeu, vejo que estamos caminhando para essa união, contestada e alimentada pelas almas inescrupulosas, porém não devemos nos calar diante do retrocesso e do menosprezo difundido pelos nossos governantes. Como certa vez escutei numa palestra na Casper Líbero, quando Serginho Groisman, jornalista, bradou: “Quem avalia o trabalho do professor não é o governador, o secretário da educação; quem avalia o trabalho do professor é a comunidade, são os pais, os alunos…”. Eles ainda exigem que sejamos fortes e que possamos ser a transformação para inúmeras crianças e adolescentes. Façamos da educação, não um depósito de intrigas, fofocas, acumulo de reprovados pela vida, mas um elo de impacto social. Professores do Rio Grande do Sul e do Brasil: somos fortes, ainda mais quando a união nos alimenta!

*Prof. Sérgio A. Sant’Anna – Taquaritinguense.  Professor de Redação e Língua Portuguesa na Rede Luterana de Ensino de Porto Alegre e Região Metropolitana; Professor na Rede Universitário de  Cursinhos Pré- Vestibulares do Rio Grande do Sul e Professor de Atualidades e Redação do Certo Vestibulares em Porto Alegre.