19 de dezembro de 2024
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Fevereiro Laranja: entenda por que a doação de sangue é tão importante para os pacientes com leucemia

As plaquetas são aliadas essenciais que contribuem na melhora de milhares de pacientes; Oncologista explica como o procedimento é realizado e quem pode doar.

Durante o mês, Fevereiro Laranja vem para alertar sobre um assunto pra lá de importante: a Leucemia. Como uma maneira de conscientização, a campanha reforça os cuidados, diagnóstico precoce e ainda o tratamento adequado para a doença, que é considerada um tipo raro de câncer. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 5.920 novos casos de Leucemia em homens e 4.890 em mulheres no triênio 2020-2022 a cada ano.

Um assunto pouco comentado é a relevância da doação de sangue para pacientes com Leucemia, em quimioterapia ou ainda os que passam por transplantes de medula óssea. Esse tipo de neoplasia atinge os leucócitos (os glóbulos brancos, que são as células de defesa do organismo). “A Leucemia ocorre quando as células tronco (responsáveis pela produção de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas) sofrem mutações genéticas, que levam à produção de leucócitos anormais (células cancerosas) e à alteração na produção das outras células sanguíneas”, explica a oncologista da Oncoclínicas São Paulo, Dra. Mariana Oliveira.

A doação de sangue pode ocorrer de maneira tradicional – nesta forma, após o procedimento, o sangue contido é separado em hemocomponentes, sendo os principais o plasma, as plaquetas e o concentrado de hemácias, através da centrifugação da bolsa de sangue em aparelhos.

Outra forma de doação é a chamada aférese. Durante o procedimento, o sangue passa por um equipamento que retém parte das plaquetas e, simultaneamente, devolve o restante do sangue para o doador, inclusive com todos os outros elementos presentes. “Esse processo é muito seguro e pode contribuir no tratamento de milhares de pacientes. Além disso, o organismo do doador consegue repor rapidamente as plaquetas, em uma média de até 48 horas”, reforça a oncologista.

Por que é importante doar plaquetas?

Por conta da Leucemia ou pela ação da quimioterapia, o paciente deixa de produzir células normais do sangue e, por isso, apresenta anemia grave e diminuição de contagem de plaquetas. Essas células, que são produzidas na medula óssea, têm como principal função atuar na coagulação, ou seja, podem evitar sangramentos espontâneos ou controlar aqueles que acontecem por algum tipo de trauma.

A médica afirma que uma contagem baixa de plaquetas pode trazer problemas à saúde do paciente: “Quando esses números são muito baixos, podem resultar em sangramentos graves e hematomas”. A transfusão de plaquetas tem como objetivo evitar os sangramentos que poderiam colocar a vida destes pacientes em risco, além de serem realizadas a cada 2 ou 3 dias até que a medula óssea volte a funcionar normalmente após a quimioterapia.

Mesmo sendo um procedimento simples, muitas pessoas ainda têm receio em fazer a doação, seja por medo ou até mesmo desconhecimento. “Essa apreensão é natural, mas é fundamental que a cada dia isso seja desmistificado. É muito importante que as doações aumentem para que possamos atender o maior número possível de pacientes”, reforça a oncologista da Oncoclínicas São Paulo.

Para doar plaquetas é necessário:

  • Ter entre 18 e 69 anos
  • Pesar mais que 50kg
  • Estar em boas condições de saúde
  • Não fazer uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios

 “Vale lembrar ainda que é fundamental o doador estar bem alimentado e evitar refeições gordurosas. Se houverem sintomas gripais, febre e diarreia, não é possível realizar a doação temporariamente, assim como pessoas que fizeram ingestão de bebida alcoólica no dia da doação, grávidas e mulheres com até três meses após o parto”, diz a oncologista.

 Como funciona o tratamento para Leucemia?

Logo de cara, quando se fala em Leucemia, é quase inevitável pensar no transplante de medula óssea. Mas, existem vários tipos da doença e o tratamento pode variar dependendo da classificação de cada caso. Para alguns pacientes, será necessário quimioterapia seguida por transplante de medula. Já para outros, podem ser utilizados medicamentos ao longo de toda vida, ou até mesmo observação clínica .

 “Isso dependerá de cada caso. Como existem muitos tipos de leucócitos, temos também diversos tipos de leucemias”, explica Mariana. As Leucemias podem ser agudas (Leucemia linfóide aguda e Leucemia mieloide aguda) ou crônicas (Leucemia linfocítica crônica e Leucemia mieloide crônica), sendo definidas da seguinte maneira:

Leucemias agudas: geralmente, a multiplicação das células tumorais é rápida e o paciente apresenta sintomas relacionados à anemia e baixa contagem de plaquetas e leucócitos. Os pacientes necessitam de internação para realizar exames da medula óssea, que servem para o diagnóstico e classificação da doença. A partir dos resultados, será feita a escolha do tratamento mais adequado ao paciente. O protocolo para as Leucemias agudas geralmente é realizado com o paciente internado. A Leucemia Linfóide Aguda é mais comum em crianças, enquanto a Leucemia Mielóide Aguda nos adultos.

Leucemias crônicas: o aumento das células tumorais é mais lento e, por isso, o paciente pode ser assintomático, sendo a doença detectada apenas em exames de rotina. Os sintomas, quando existem, podem estar relacionados ao aumento de linfonodos, do baço e alteração na produção de glóbulos vermelhos e plaquetas. Além disso, é mais comum em adultos. O tratamento também pode variar, mas, geralmente, é realizado sem necessidade de internação, com uso de medicamentos orais e consultas periódicas. Em alguns casos de Leucemia Linfocítica crônica, não é necessário tratamento, já que a doença pode muitas vezes acompanhar o paciente ao longo dos anos sem maiores complicações.

“Temos que lembrar que nos últimos anos tivemos muito avanços no tratamento das Leucemias, como o desenvolvimento de novas drogas com menor toxicidade, que permitem um tratamento eficaz em pacientes idosos e com comorbidades. São elas: as terapias alvo, que são dirigidas para alterações específicas das células tumorais e a terapia com Car-t cell, em que os linfócitos do tipo T são tratados em laboratório para reconhecer e atacar as células cancerosas, eliminando-as”, comenta Mariana Oliveira.

Além disso, a Leucemia possui altas chances de cura, podendo chegar em até 90%, no caso das crianças, e 50% em pessoas até 60 anos. “Apesar de não existir cura para alguns casos da doença, os tratamentos são eficazes para oferecer uma maior expectativa e qualidade de vida. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para o controle da Leucemia”, finaliza.