Artigo: Vamos parar de falar de política

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Por: Rodrigo Segantini*

Ninguém aguenta mais esse palavrório de política. Qualquer coisa que aconteça no Universo, sempre aparece alguém para enaltecer para criticar um ou outro espectro partidário. Isso está mais inflamado agora, nesta época eleitoral e com a confirmação dos candidatos. Ninguém mais debate propostas ou planos de governo, parece coisa de torcida de futebol – quem é corinthiano não gosta de palmeirense sem qualquer razão e vice-versa.

Não que isso seja uma novidade em Taquaritinga. Os mais velhos se lembrarão da rixa que havia entre a turma do Adail e a turma do Waldemar. Os que já estão beirando os 50 ou 60 anos se lembrarão da rivalidade entre Milton Nadir e Sérgio Salvagni. Para os mais novos, talvez o melhor exemplo seja Paulinho Delgado e Vanderlei Mársico, no início dos anos 2000.

Então, nesta semana, decidi que, nesta edição, não vamos falar de política. Vamos falar de outra coisa, algo que não acenda essa chama incendiária que tem despertado raivosas paixões. Vamos falar sobre como fazer um bom bolo de chocolate.

Para fazer um bom bolo de chocolate, você precisa saber quais ingredientes serão necessários. Não adianta nada você estar cheio de boa intenção, ser uma pessoa honesta e querida por todos e, ao se propor a fazer algo, não saber o que é preciso para alcançar seu intento. Também não adianta nada você ser falastrão, falar que vai fazer um bolo, que ficará delicioso, que você sabe fazer, quando, na verdade, não é nada disso. Igualmente, é muito ruim quando você, depois que seu bolo não fica tão bom como esperado porque não soube escolher os ingredientes que empregou, dizer que o bolo de outras pessoas também não ficou tão bom ou ficou pior que o seu.

Uma vez que você sabe o que precisa para fazer um bolo e escolhe aqueles de boa qualidade, é necessário que realmente os utilize na receita. Tem gente que diz que vai contar com itens de excelência e, no fim, dá um jeito de se livrar deles e não os usar realmente ou não como deveria, diminuindo sua relevância e importância no bolo. Então, encontre o que há de melhor à sua disposição, conte com isso e os empregue corretamente.

Podendo contar com aquilo que é necessário para fazer um bom bolo, você precisa saber fazer. Não adianta nada ter a seu lado tudo de melhor e, no final, não saber o que fazer, não saber como fazer o que se propôs. Para isso, tem uma receita, escrita por quem sabe como se faz um bolo. Você pode até tentar emendar a receita, criar alguma novidade, mas não dá para fugir muito do que está na receita, sob pena de o bolo desandar. Se você ficar seguindo suas ideias ou ouvir o palpite dos outros, o bolo pode dar muito errado. Siga a receita e não há como dar errado.

Por fim, é preciso tempo. Porque um bom bolo exige tempo. Nada acontece de uma hora para outra. Muitas vezes, a pessoa tem pressa que o bolo fique pronto e quer tomar medidas para tentar agilizar os resultados, sabe-se lá Deus com que propósito, fazendo tudo correndo, atropelando etapas. Não dá certo e, provavelmente, seu bolo vai murchar e o resultado será pífio. Por outro lado, não adianta não se atentar para prazos e esperar que as coisas se resolvam sozinhas e não fazer o que lhe cabe, tomando os cuidados necessários. Se você não cuidar do bolo assim, ele pode queimar.

Quando o bolo ficar pronto, lembre-se de servi-lo a todos, dividindo-o adequadamente. Não queira ficar com o bolo só para você e para os seus, não seja egoísta. Um bom bolo de chocolate tem como propósito atender aos anseios de todos que o viram ser preparado, não só daqueles que confiaram em seu talento como confeiteiro. Para que o bolo dê certo, você deve se dedicar e se empenhar em fazer o melhor bolo de chocolate e se empenhar em fazê-lo de tal forma de servi-lo a todos. Caso contrário, você não deve se propor a fazer o bolo, nem começar a fazê-lo e, se o fizer, reconhecer onde errou para que tais faltas não se repitam.

Enfim, não falamos de política. Mas tudo nesta vida é política. Até um bolo de chocolate.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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