Artigo: A falta de assunto do velho Braga e os assuntos de hoje gerados pela indigesta gestão

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

É corriqueira a ideia, nos últimos tempos, de escrever sobre a arte de não ter ideias. Depois que o velho Braga escreveu a exemplar crônica sobre esta temática, talvez tenha ficado mais fácil dizer que não ter ideias faz parte do processo de escrita. Sei que muitos já versaram sobre o assunto, e escreveram muito bem, porém não farei isso com o meu leitor. Sendo coerente, já escrevi algumas crônicas e artigos sobre a falta de assunto.

Neste vasto campo diário cujos assuntos fervem devido a mais erros do que acertos, não me falta assunto, ainda mais quando a ignorância proposital pede passagem. Sei que vocês acreditam que escreverei sobre o caso do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF por atos que feriram nossa Carta Magna, segundo votação dos ministros do Supremo Tribunal Federal, todavia o jurista Ives Gandra Martins usou de sua astúcia jurídica e confesso que momentaneamente convenceu-me, apesar de ser a Graça uma atitude proferida a um indivíduo, o que só desqualifica o atual presidente da república e a emissão antiética de um indulto proferido a um amigo. O que só alimenta a narrativa de que Daniel Silveira, o ex-policial, acusado de diversos crimes, tem muito a falar sobre Jair Bolsonaro e seus filhos (isso não resta dúvida, e as condenações sairão assim que o atual gestor da Nação perder o seu cargo). Escutei o seguinte essa semana: este ato da Graça foi uma desgraça. Porém, está na Lei como argumenta o jurista, não deixando de ser contrário à Ética.

Disse que não me demoraria diante do assunto proferido no parágrafo acima, contudo foi mais forte do que eu. Apenas um parágrafo, aquele que os discípulos do Mi(n)to leem e não conseguem compreender, e automaticamente proferem as mais duras críticas insanas a este escriba através das redes sociais, classificando-me como oposicionista, petista, comunista, “vai pra Cuba”, pois são estas as palavras ou frases elaboradas pelo pessoal do cercadinho. Como dizia Zé Ramalho: “…povo marcado, povo feliz…”. Até pensei em não mais classificá-los dessa forma, porém são os adjetivos que os cercam, são os símbolos que os caracterizam. Jamais vi algum estudo concreto por parte de agentes deste atual Governo Federal que pudesse ser de fato algo impactante para a construção de um Brasil pujante, com créditos morais diante da comunidade europeia, dos EUA. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que surgiu como o superministro aos poucos foi mostrando que também fazia parte do grupo de incapazes, homens e mulheres unidos em prol do enriquecimento próprio, da farra boiadeira pretendida pelo ex-ministro Ricardo Sales e do retrocesso que se alia aos pilares da família tradicional, da Igreja e do armamento da população. Além do apoio implícito à degradação ambiental, à democracia e a aversão à Justiça ao atacar sem provas os ministros do STF.

São tempos difíceis, leitor! E sei que muitos cuja justificativa seria a de que votariam no atual presidente da República para retirar o PT (Partido dos Trabalhadores) do poder, hoje escondem-se arrependidos. Pagamos por aquilo ou aquele que elegemos. Inflação ao pico, combustíveis desenfreadamente sofrendo aumentos, além do botijão de gás de cozinha abocanhando mais de 13% do salário mínimo. Não podemos nos calar diante das mortes pela Covid-19 e o descaso do Governo diante daquela “gripezinha”, mais de 600 mil brasileiros perderam a vida. Genocídio. Imprudência. Ausência de altruísmo. Retrotopia. Não há uma pasta, dos poderosos ministros, que você possa afirmar, convicto, de que algo foi realizado para o bem do cidadão. A “capivara” do então deputado federal denunciava, que ele seria uma tragédia como gestor, além da sua aposentadoria precoce do Exército devido sua indisciplina. Além da sua linguagem de baixo calão utilizada cotidianamente. Faltam argumentos, sobram palavras impublicáveis.

Sei que este não seria o assunto predileto do eterno Rubem Braga, porém a tristeza e as dificuldades enfrentadas por esta Nação merecem sua escrita e um pouco de reflexão. Nem sempre da falta de assunto vive o cronista; já o presidente de República vive sem projetos para condução do País.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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