Artigo: Quem tem padrinho não morre pagão

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Por: Rodrigo Segantini*

Todos queremos que Taquaritinga cresça. Se nossa cidade prosperar, toda nossa gente prosperará junto. Portanto, deve ser de interesse dos gestores públicos fazer com que nossa economia circule, fazendo o dinheiro girar, aquecendo o comércio e gerando empregos e, para isso, empenhar seus mandatos em prol disso.

Não é algo fácil. Afinal, por que um empresário investiria em Taquaritinga, uma dentre tantas cidades no interior de São Paulo, em vez de em qualquer outro lugar? Pessoalmente, tenho algumas respostas que podem nos favorecer nesta busca.

Taquaritinga se encontra em um entroncamento rodoviário excepcional. Dois dos principais troncos modais de São Paulo, a SP-333 e a SP-310, se cruzam em nossa cidade, quase que marcando um X sob o qual se esconde um tesouro fabuloso. Como se isso não fosse o bastante, estamos bem perto da BR-153, que praticamente corta o país de norte a sul. Isso é altamente favorável para quem pretende escoar sua produção.

Temos aqui um centro de formação tecnológica e acadêmica excepcional. Além de instituições de ensino superior particulares, temos a Fatec e a Etec, que atendem à demanda de empresários em busca de quadros qualificados para atender à sua demanda de mão-de-obra especializada a seus propósitos. Assim, além de relacionados com a vocação econômica da região, é possível contratar profissionais preparados para atender o mercado em geral, independentemente da categoria da empresa.

Se por acaso os negócios do investidor em potencial forem relacionados à produção agrícola, melhor ainda. Taquaritinga tem um desempenho notável quando se leve em conta a fruticultura, sendo um expoente no cenário quando se trata de goiaba, manga e frutas cítricas. E isso não apenas acerca do plantio e colheita, mas avanços em toda a linha produtiva, nos destacando no aproveito do insumo no ciclo inteiro de sua cadeia, como no segmento de sucos e doces, por exemplo.

Por fim, o ambiente de negócios é bastante favorável. Não há uma concorrência desenfreada, em que a hostilidade leva à canibalização das empresas. Pelo contrário: há leis municipais que favorecem o investimento e a prospecção de negócios, inclusive por meio de incentivos tributários e doação de áreas para a ampliação do parque fabril.

Então, sim: a Cidade Pérola da Araraquarense é mesmo uma pérola, altamente favorável para quem pensa em prosperar. Por isso, é curioso e lamentável que não consigamos atrair tantos empreendedores dispostos a encampar Taquaritinga como seu lugar favorito para se instalar.

A explicação, infelizmente, também parece ser simples e evidente: qualquer um que queira vir para a cidade é disputado a tapa pelos políticos locais. Todo mundo quer ser o pai-da-criança, o responsável por trazer uma nova empresa para a cidade. Disso, eclode uma discussão sem fim, que pode virar (como quase tudo vira por aqui) em uma disputa por quem fala mais alto e por mais tempo nos microfones da Câmara Municipal ou das rádios da cidade. E se tem uma coisa que um empresário tem ojeriza é a essa atenção tão negativa, que pode contaminar seus negócios e futuramente até mesmo prejudicá-lo.

Nossos gestores, os homens públicos à frente da Administração Municipal, precisam entender que o que os taquaritinguenses querem é que a cidade cresça, querem emprego e renda, querem que Taquaritinga prospere. Se todos eles trabalharem juntos por isso, só teremos a ganhar. Se, em vez disso, ficarem brigando para ver quem faz mais que o outro, só afugentarão quem poderia querer vir aqui para investir e fazer nossa economia girar. Enquanto brigam para ver é o pai da criança, não percebem que periga não haver criança sequer para serem os padrinhos.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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