Artigo: Sobre a eventual chapa Lula/Alckmin

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Por: Luís Bassoli*

De início, não se trataria de aliança do PT com o PSDB, mas de Lula com Geraldo Alckmin – que estaria deixando o partido.

Dito isso, avalio que o ex-governador é a melhor opção pra vice do ex-presidente, no momento.

Geraldo Alckmin é ligado à Opus Dei, assim, atrairia/anularia os conservadores da Igreja Católica (os progressistas já apoiam Lula) – e, de quebra, enfraqueceria o poderio da parte dos “evangélicos neopentecostais”, que tanto mal fazem ao País;

A presença de Alckmin teria o condão de diminuir/amenizar eventuais ataques da grande mídia à candidatura, já que é simpática ao ex-tucano;

Da mesma forma, quebraria a resistência dos grandes grupos econômicos, que perderiam o discurso do “comunismo”, “estatização” etc., que tentam vincular à figura do ex-presidente Lula;

Do ponto de vista eleitoral, Alckmin agregaria alguns votos do eleitorado conservador paulista (sobretudo do interior do estado);

Ainda no tema eleitoral, a aliança com Alckmin pode intensificar o “racha”, já em curso, no Centrão, e criar uma alternativa para que os não-bolsonaristas desistam de se aventurar na candidatura de Sérgio Moro;

Em relação à governabilidade, a chapa, se eleita, poderia reeditar a forma, exitosa, de gestão com o Congresso Nacional realizada nos governos Lula/Zé Alencar (o vice-presidente era do PL);

Outrossim, criaria a possibilidade de reativar a relação republicana com a sociedade brasileira, nos moldes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, fundado por Lula em 2003, cujo ministro-chefe era o ex-governador do RS, Tarso Genro, e composto por mega-empresários como Abílio Diniz, Jorge Gerdau, entre outros, Fiesp, CUT, Dieese, que manteve um diálogo permanente na tríade governo/capital/trabalho;

Por fim, a eventual aliança é benéfica também para Alckmin, que retornaria ao centro da política, saindo do ostracismo em que se encontra.

Conclusão

A chapa Lula/Alckmin se mostra dessas raras situações políticas do ganha-ganha: é bom pra ambos e bom pro Brasil, que se verá livre do bolsonarismo e protegido do lavajatismo de Sérgio Moro.

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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