Artigo: O Discurso de Bolsonaro na ONU

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Por: Matheus Teixeira Romagnoli

Bolsonaro participou da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o evento ocorreu no dia 21 de setembro e teve a abertura do evento dada pelo discurso do presidente Jair Messias Bolsonaro. Evento este, que deveria ser pautado por discursos diplomáticos, mas acabou sendo um aceno para sua base eleitoral e também para se utilizar do espaço como palanque político. Acompanhe essa análise até o final e entenda o quão antagônico é a postura de Bolsonaro em relação com a de um verdadeiro chefe de estado.

O presidente começa seu discurso já realizando um ataque a mídia, “Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões”, ou seja, Bolsonaro começa o ataque afirmando que tudo o qual é noticiado pela mídia seria de cunho duvidoso, subtraindo a credibilidade dos veículos de impressa.

Logo em seguida, o presidente diz: “Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção”, veja, qualquer brasileiro que tenha pelo menos 2 neurônios no cérebro não cai em um discurso desse. Tanto é que, um dia antes da Assembleia Geral foi publicando pela Carta Capital, que segundo o senador Renan Calheiros (MDB-AL) a CPI da Covid já tem provas dos crimes do ex-capitão no caso da Covaxin e ele terá que ser responsabilizado.

Para deixar o leitor sem nenhuma dúvida sobre o desastre que é esse governo, listei alguns outros escândalos que apareceram durante o mandato: a troca de delegados da polícia federal quando as investigações se aproximaram de pessoas do seu governo, nomeou condenados e denunciados por corrupção, recorreu ao STF para dar foro privilegiado e blindar seu filho no caso de rachadinhas e também no caso Tratolão, o CGU admitiu que havia tratores superfaturados no orçamento.

Dando sequência ao discurso, Bolsonaro faz aceno claro para sua base no momento em que diz: “Nosso banco de desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas, sem garantias. E quem honrava esses compromissos era o próprio povo brasileiro.”, e na realidade, quem realmente fez com quem “acabassem com a farra” do BNDS foi o governo de Michel Temer (MDB).

Bolsonaro também fala sobre a pandemia em seu discurso, “No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficarem em casa por decisões de governadores e prefeitos, que perderam sua renda, concedemos um auxilio emergencial…”, mais um ataque aos entes federativos feito por Jair Bolsonaro, que ainda coloca a culpa em governadores e prefeitos e se esquece que todos os países também adotaram essa medida para a prevenção do Coronavírus e lembrando também que Bolsonaro tentou sabotar várias vezes a questão do lockdown no Brasil.

E o presidente continua: “Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce.”, “Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia se colocaram contra o tratamento inicial”, ficou claro que o Bolsonaro defende tratamentos ineficazes, foi comprovado que o uso de Hidróxido Cloroquina e a Ivermectina não funcionam no combate ao Covid-19 e mesmo assim, o presidente ainda fica defendendo o indefensável. Espero que para o gado bolsonarista tenha ficado transparente que esses atos flertam com tendencias genocidas.

Bolsonaro fala sobre o 7 de setembro, “No último 7 de setembro, data da nossa independência, milhões de brasileiros de forma pacífica e patriótica foram às ruas na maior manifestação de nossa história”, todos nós vimos São Paulo e Brasília cheio de pessoas, porém há indícios que foram “bancados” com dinheiro público, pagamentos em dinheiro vivo como em vídeos publicamos no momento que aconteciam os atos. E no dia 15 de setembro foi aberto uma investigação pelo TSE sobre o que realmente ocorreu na manifestação, a corte irá apurar se houve possível financiamento dos atos por empresários e políticos, além de descobrir se houve pagamento de transporte e diárias.  

Para finalizar, o que transpareceu para o Brasil e para o mundo após esse discurso de Bolsonaro: somos governados por um presidente maluco, que vive na sua própria bolha, não tem a menor condição de ocupar o cargo de um chefe de estado, um presidente que falta com a verdade, engana o povo e o conduz para a própria morte.

*Matheus Teixeira Romagnoli, 27 anos, analista, membro da Academia MBL, time Linces da Liberdade.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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