Artigo: Estagflação, você ainda vai ouvir sobre ela

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Por: Prof. Eduardo José Aloia*

Geralmente, com o crescimento das trocas econômicas diz-se que a econômica esta aquecida.

Com a economia aquecida a inflação tende a aumentar.

No entanto, há situações nas quais a inflação pode estar em alta com a economia desaquecida.

Isso pode acontecer no caso dos chamados choques adversos de oferta, que se dão quando o preço de um insumo de produção importante, como, por exemplo, o petróleo, se eleva fortemente.

Nessa situação, as empresas, enfrentando custos de produção muito altos, elevam preços e cortam a produção (a esse novo preço há menos demanda). Ou seja, a inflação se eleva ao mesmo tempo que a economia se enfraquece.

Com as empresas cortando a produção, o desemprego se eleva e o consumo se reduz. É o pior dos mundos: inflação alta e desemprego elevado. Essa combinação perversa, chamada nos casos mais fortes de “ estagflação”(estagnação + inflação), gera um grande dilema para o governo: subir o juro para combater a inflação ou cortar o juro para incentivar a economia?

Atualmente fatores como desvalorização do real, aumento do preço das commodities, controle da pandemia, instabilidade política e crise energética, entre outros, contribuem para a alta da inflação.

Nota-se que a existência de 14 milhões de desempregado, aumento da pobreza e a previsão de um PIB de 5% este ano e 1.6% para 2022— Boletim Focus de 17/09 — apontam uma economia desaquecida.

Na atual conjuntura o Banco Central optou pelo aumento da taxa Selic (6,25%), pois acredita que, no momento, uma inflação alta é mais prejudicial do que um possível desaquecimento da economia somado a um aumento da dívida pública.

Já temos problemas suficientes para administrar e não precisamos que autoridades governamentais coloquem em primeiro plano atitudes negacionistas ou eleitoreiras que enfraqueçam ou atrasem a recuperação econômica.

Tais atitudes já são insanas por si, mas o pior mesmo, é o povo brasileiro literalmente pagar por isso.

*Prof. Eduardo José Aloia possui graduação em Eng. Elétrica e mestrado e doutorado em Computação pela Universidade de São Paulo-EESC_USP.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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