E essa contingência aí: ‘Saúde mental e a pandemia’

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Por: Lucas Fernando de Oliveira Fanelli*

Olá caros leitores, espero que se encontrem, diante de todos os acontecimentos nos últimos tempos, bem, principalmente mentalmente saudáveis. Falando em saúde mental, esse será o tema desta coluna.

Quando falamos sobre saúde mental, muitos aspectos são envolvidos para se avaliar e em uma situação pandêmica como vivemos atualmente podemos estar prejudicados em diversas áreas da nossa vida. Não vou me estender aqui em questões mais óbvias, mas vale o registro como por exemplo a situação financeira.

Besteira daqueles que falam que “dinheiro não traz felicidade”, afinal vivemos em um sistema capitalista e sem muitas explicações o que todos concordamos é que para se viver nesse sistema, devemos pagar. Seja em forma de moradia, alimentação, produtos para higiene básica, água, luz, etc. O básico para uma pessoa sobreviver no sistema capitalista deve ser comprado. Portanto, a questão financeira é sim uma das questões que mais está afetando a saúde mental da população.

Também podemos falar sobre a perda de um ente querido que muitos presenciaram durante esse período e nesse tópico gostaria de deixar uma reflexão um pouco mais profunda. Em nossa cultura, crescemos participando de alguns velórios, um momento delicado principalmente para os mais próximos da pessoa que partiu. O evento de velar o ente querido é comum em nossa sociedade, a reunião da família e amigos para dar suporte aos mais prejudicados pela perda e após o ritual do velório o processo de enterrar aquele que se foi. Durante essa pandemia isso se foi, junto com aqueles que faleceram.

Perder processos que estamos acostumados a ter por si só já é uma questão que nos abala, porém estar abalado pela perda de um ente querido e não poder se despedir da pessoa da forma como nos foi ensinado e estamos acostumados é um ponto que pode prejudicar e abalar muito nossa saúde mental.

Sentimentos antes desconhecidos passaram a fazer parte da nossa rotina e muitos desses sentimentos não são gostosos de serem sentidos. Por isso é importante buscarmos ajuda externa, como a terapia. Muitas vezes não somos capazes de lidar com todos os assuntos internos que estão acontecendo dentro de nós, pedir ajuda é o mínimo que podemos fazer, principalmente na situação atual.

Para além dos tópicos abordados acima, saúde mental é também praticar atividades de lazer como sair com os amigos, esportes, viajar, etc. Outra perda que tivemos durante a pandemia foi o convívio social, com a necessidade do distanciamento social e as interações sociais ficando mais escassas, não havendo relação com outras pessoas que não as que moram conosco, nos deparamos com a arte, percebendo ainda mais a sua importância. Serviços de streaming, livros e músicas foram alguns produtos que aliviaram um pouco a tensão de toda a situação pandêmica.

Um texto para falar de saúde mental acabou se tornando um texto sobre lutos que vivemos durante a pandemia e não só dos entes queridos, mas luto do emprego que alguns perderam, luto do dinheiro que se foi, luto do convívio social que virou encontros de videochamadas, luto da terapia presencial e tantas outras perdas que tivemos que encarar nessa pandemia. Fica aqui a reflexão do que você, leitor, perdeu durante esses meses de COVID-19 e o que te ajudou a superar suas perdas? E deixo minha indicação para caso você não esteja conseguindo lidar direito com tantas perdas, procure ajuda, procure terapia, cuide da sua saúde mental.

*Lucas Fernando de Oliveira Fanelli é psicólogo formado pelo Instituto Taquaritinguense de Ensino Superior – ITES

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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