Artigo: Covardes, neutros e bolsonaristas serão julgados pela história

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna

Desde 1985 nossa democracia não esteve tão ameaçada. Diante da insanidade de um presidente da República, que não admitirá sua derrota nas urnas, somos tomados por cidadãos incapazes de enxergarem a verdade: somos tragados para um abismo sem volta. Provocado por você, que diante do seu ódio em relação à ascensão social e econômica de seu semelhante foi mesquinho ao destinar seu voto a este que aí ocupa o cargo maior do Poder Executivo. Nossa inabilidade eleitoral levou-nos a este imbróglio vivido hoje. Somos sim preconceituosos. Este que durante muito tempo foi velado.

Ao votar na proposta (teve proposta?), exposta pelo então candidato à presidência da República, senhor Jair Messias Bolsonaro, consequentemente você estava dando aval a todas as atrocidades assumidas por ele durante à campanha e, também, difundidas ao longo da sua vida política e pessoal. Quantas foram às vezes que ouvimos insultos à Constituição, apologia à misoginia, ao racismo ao preconceito, à homofobia amparados por uma religiosidade conveniente!? O novo Messias jogou sujo, aproveitou-se do ódio de alguns, somados aos interesses de outros e, nesse meio, soube propor o horror àqueles que com fel e irracionalidade acreditavam que era possível governar. Foram covardes àqueles que dessa trama participaram, antecipando à vinda de um hipócrita messiânico. Um despreparado que nada entendia de como governar, porque durante 28 anos atuando como legislador nada foi capaz de propor para beneficiar sua população. Apenas defecou através de palavras de baixo-calão e proposições que fugiam à ordem e ao progresso.

Aos neutros, àqueles que se julgam distantes das escolhas e caminhos brasileiros, que procuram calar, assim consentindo, talvez por ignorância e comprometimento com as oportunidades futuras (quem sabe consiga um cargo na próxima governança para os meus…), estes são responsáveis também pelas atrocidades de agora. Recordo-me de uma passagem do último livro bíblico, Apocalipse, capítulo três e versículos 15 e 16, que brada o seguinte: “Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca”. O filósofo contemporâneo, Mario Sérgio Cortella afirma: “Ora, há dezenas de mitos, fábulas e histórias com a finalidade de exaltar a exclusividade e preferência do caminho do meio; o que não se deve esquecer é que esse caminho pode também ser o da mediocridade. Em nome da sobriedade, da prudência e do comedimento, o máximo que se obtém em muitas situações é a mornidão mediana, regrada e constantemente refreada. Acredito que a neutralidade já seja uma tomada de posição, portanto, há uma escolha. O historiador e professor Leandro Karnal parte desta premissa e expõe: “Não existe neutralidade em história. Neutro, para historiador, é só sabão de coco. Toda opinião é política”.

Ao fim encontramo-nos diante desta arcaica e sórdida ideologia renomeada, o bolsonarismo, uma vertente xenofóbica amparada em conceitos não-exterminados, isto pelo fato de possuirmos milhões de pessoas que se alimentam do preconceito, do absolutismo, da imoralidade acobertada pela cristandade inexistente diante de seres tão mesquinhos. Seres que ao longo da história enriqueceram-se ilicitamente, ascenderam-se diante do golpismo e pregaram a verdade amparados em conceitos por eles nunca seguidos. As máscaras eram seus disfarces. O poder era seu púlpito. A hipocrisia seu artefato. O cidadão de bem, um imoral protegido pelas armaduras do dinheiro, do cargo político e da blasfêmia. Estes que através das redes sociais destilam seu veneno, protegem-se diante de perfis falsos e espalham o ódio. Seres que ganharam outra alcunha, porém estiveram sempre presentes ao lado do poder. Seja batendo em panelas de inox ou vestindo à camisa do selecionado brasileiro de futebol. Humanos capazes de eliminarem seus semelhantes em busca do capital. Não é preciso que Freud explique esse sentimento torpe diante de pensadores como Marx e Engels.

A história mostrará a verdade e aqueles se envergonharão, todavia serão incapazes de admitirem que erraram porque não possuem hombridade. Como disse o pastor Martin Luther King: “Devemos aceitar uma decepção, mas nunca perder a esperança infinita”.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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