Artigo: Afrodite (Gregos) – Vênus (Romanos)

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Por: Luiz Roberto Vasconcellos Boselli*

O mês de junho nos remete, apesar de com objetivos comerciais, ao inebriante AMOR – o maior bem imaterial de todos os seres vivos, principalmente de nós humanos. Eternamente todos somos agraciados com vivencias extasiantes e inesquecíveis, para boas ou más lembranças. Um bom exemplo, entre tantos, é a vivência do nosso primeiro beijo – boas ou não boas recordações! E como tudo que é humano, pode humanamente, neste caso específico, transformar o amor em desamor, alimentando sentimentos danosos e nefastos – que quase sempre terminam ou terminaram em tragédia.

A vivência de momentos históricos extraordinários, como o é o momento pandêmico, trouxe, em escala mundial, o afloramento de sentimentos amorosos exacerbadamente ambíguos e ambivalentes, com fortescores de intolerância e incompreensão. Todos estes dramas ocorrendo, geralmente, entre quatro paredes, tendo como pano de fundo, o desgaste resultante e consequência de um maior tempo de convivência, ao “ficar em casa”. Parceiros que foram beneficiados com um consolidado desenvolvimento psico/social/cultural, lidaram de forma mais civilizada possível e negociaram separações queadequadamente foram levadas a termo.

Mesmo sendo uma franca atuação de cidadania engajada e em consonância contemporânea, obviamente que marcas emocionais sempre restarão, nestes casos cabe a cada um utilizar o seu arsenal de defesas emocionais e de elaborações possíveis e suportáveis.Por outro lado, quem não teve os benefícios de um desenvolvimento pessoal, adequadamente imbuído de preceitos básico de cidadania contemporânea, se formou arraigado a crenças arcaicas e primitivas. Estrutura psico/social/cultural que aparece supervalorizando apaixonantes e novelescos enredos humanos que se desenvolvem cotidianamentecom casais, das mais diversas formações e composições, mostrando tintas bem mais fortes e tendo como consequências, geralmente, finais necrodramáticos. É fato que separações amigáveis aparecem com números importantes.

Entretanto, tristemente aumentou excessivamente o número de feminicídios, até o momento, da pandemia. Além deste final, o pior que existe para uma relação amorosa, temos os outros tipos de violência que uma parcela, inimaginável, de mulheres, sofre em seus cotidianos.Não sendo o ato, necessariamente, de natureza física, pode ser também de natureza psicológica, moral, sexual e patrimonial. Felizmente, legislações complementares, a Lei Maria da Penha, veem agregando robustos elementos jurídicos, fechando cada vez mais o cerco legal entorno dos, reles e anacrônicos, sujeitos destes abomináveis atos.

A legislação em defesa da mulher, vítima de maus tratos, agora contemporaneamente é que vem recebendo merecida atenção, isto acontece, porque a nova geração de juristas está empenhada em debelar injustiças ou a falta de legislação adequada e competente legalmente em defesa da mulher, vítima das atrocidades vivenciadas em seu dia a dia. Cotidianos, no qual, o algoz, utiliza de algum tipo de discurso chantagista ou o famigerado terror psicológico. Mas, é notório, inexpugnável e inexorável que a mulher, através da longa caminhada para a sua redenção como cidadã, se fortaleceu, e cada vez mais atua como sujeito de suas decisões e opções. E não adianta espernear, porque ficou claro que a nova mulher já estava entre nós (o IBGE revelou, em seus dados, do último censo – 20210). Quem naquela época esperneou foi um grupo de mineiros que fundou a “Confraria dos Machos Feridos”. Deixemos de lado ultrapassadas galhofas – todavia, a pilhéria faz parte do nosso espírito brasileiro. O que temos, no momento contemporâneo, é queos ogros, ainda, se apegam a “defesa da honra”, e cometendo estes trágicos e covarde crimes, acreditam que a impunidade é real. Evidentemente, não tem a mínima ideia de que esta figura penal há tempos caiu por terra.  Entretanto, esta nefasta realidade, do aumento do feminicídio, junta a vivencia de uma pandemia inédita e um governo, que só sabe fazer com competência as ameaças ao povaréu, o que contribui com ideias ogronicas, além da facilidade de aquisição de armas de fogo.

E enquanto tivermos ogros entre nós, que acreditam que sua companheira é um objeto, que usa como quer e quando quer. Tudo isto, e mais alguma coisa, abaixou o astral do povaréu brasileiro.E olha que,historicamente, tivemos um período em que só precisávamos de amor. Agora, em tempos da pós-modernidade, é indubitavelmenteque precisamos de amor (mais do que nunca e sempre!), mas também precisamos, muito assazmente e lenitivamente, de um abraço afetivo, gostoso e aconchegante. E nesta dita pós-modernidade, além do amor nós precisamos de vacina, tolerância, clima de paz e voltar a ser um povaréu feliz. Isto, tudo, é possível! Desde que o Governo Federal não continue sabotando o povaréu nacional.

*Luiz Roberto Vasconcellos Boselli é docente da Unesp/Marília –  [email protected]

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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