Artigo: Vai com Deus, Sossô

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Por: Rodrigo Segantini*

Conheci Luís Carlos Soares através de Paulinho Delgado. Eles tinham trabalhado juntos produzindo o noticiário deste jornal O Defensor e na Rádio Clube Imperial AM. À época, estávamos organizando o grupo político que sustentaria a campanha eleitoral de Paulinho para prefeito, lá nos idos de 2003. Desde então, lá se foram quase dezoito anos.

Trabalhamos juntos por quase dez anos, mas nunca perdemos a amizade. Eu, que era pouco mais de um menino, um sonhador que pensava que seríamos capazes de mudar o mundo, solteiro e sem nenhuma pretensão de me casar (que dirá de ter filhos), trabalhando junto com um cara mais velho, mais calejado, apaixonadíssimo pelas filhas, cheio de lições e vivências para me passar. Aprendi muito com ele. Foi um excelente companheiro, um grande amigo.

Sossô, como eu e muitos de nós o chamávamos, estava sempre bem-humorado. Apesar de ser um sujeito em que se via seu estresse, tratava a todos com irreverência e alegria. Por isso, dava-se bem com todo mundo, era amigo de todos. Isso escondia bem suas condições delicadas de saúde. Ele tentava se cuidar, mas, convenhamos, a vida tem suas tentações, ainda mais quando alguém tem tanta gana e ânimo. Com seus exames sempre no limite, com sua saúde o tempo todo por um fio, ainda assim Soares não abria mão de bons momentos com as pessoas que amava, que queria bem.

Por isso mesmo que Paulinho Delgado, quando prefeito, entregou em suas mãos a responsabilidade por coordenar eventos e festejos em nossa cidade. Era o sujeito ideal para esse trabalho: um sujeito que não tinha medo do trabalho e que tinha em si uma alegria de viver que não cabia em si. Soares desempenhou essa função com muito lealdade e devotada dedicação. Eu o conheci assim, foi assim que convivi com ele, é assim que me lembro dele e para sempre me lembrarei.

Se seu espírito era vigoroso, seu coração não era tanto assim. A tibieza de seu coração, que pulsava apaixonado, não suportou ser tão vibrante quanto Soares. Pediu arrego. De repente, aquele cara que parecia tão gigantesco, tão grandioso, querido por seus amigos, amado por seus familiares, sempre animado, sempre disposto, silenciou-se. Para um cara da comunicação, emudecer-se é o fim. Foi só no fim que Sossô se emudeceu, não sem antes deixar sua mensagem estampada nas lembranças de todos que o conheceram.

Vai com Deus, Sossô. Sentiremos saudades. Saudamos sua vida, guardaremos as melhores lembranças. Hoje, todas as preces são para sua nova jornada.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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