Batata Doce completa 47 anos de história

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Por: Nilton Morselli e Zita Mendonça

Em plena era obscurantista, nascia de um parto sem dor, a doce Batata Doce. Mal imaginavam os seus criadores, que a menina cresceria e geraria novos frutos, tornando se mãe do Batatão e avó da Jardineira. Nascida no dia de Iemanjá, defendeu como uma rainha os mais diversos temas. Desde Chico Mendes até a nossa Serra, passando por Jurupema, pela Furiosa, por Tom Jobim, enfim, por inúmeros outros enredos, enaltecendo sempre o lado honroso do tema.

E agora, 47 anos depois, esperamos que a Rainha do Mar ilumine com sua luz o obscurantismo pandemico, para que a Batata possa novamente brilhar e alegrar os seus muitos seguidores, vivos ou mortos, da gema ou da algema.

O tempo passa para todo mundo. A Dissidência do Samba Batata Doce já é uma jovem senhora, dessas que têm tatuagem e usa roupas de adolescente. Tem liberdade e maturidade para seguir ou não a moda. Se recebesse um convite da Playboy, não hesitaria em aceitar. Aos 47 anos, com corpinhos de 46, a Batata é uma coroa a quem não falta pretendentes. Mas não quer compromisso. É amor de Carnaval .

Essa vocação pela liberdade tem muito a ver com o período em que cresceu. Em 1974, às portas do último quartel do século, irrompeu para cantar as belezas e as alegrias, mas também para desafiar, insultar, gozar, desatar amarras e zoar caretices e provincianismo da sociedade. Irreverência define.

Nesta terça feira, 2 de fevereiro, a Batata Doce recebe os nossos parabéns, este ano não haverá festa, a bandeira está a meio pau, em razão dos acontecimentos, das tristezas que choramos juntos. Como não há mal que sempre dure, logo poderemos celebrar a vida e superar o atraso. Como ensinou o poeta Chico Buarque, “apesar de você, amanhã há de ser outro dia”.

Um beijo, sem máscara, no coração de todos, roxo ou não.

Arte: Vinícius Silva

 

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