Artigo: Quando a Morte assume o poder

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

 Na obra “A menina que roubava livros”, do autor Markus Suzak há uma frase vital para elucidar este período de trevas em que nos encontramos: “Quando a morte para pra contar uma história você tem que parar para ouvi-la.”. No caso brasileiro a Morte assumiu o poder, sentou e começou a ceifar seus inimigos (o povo) muito antes de assumir o trono e empunhar o cetro. Com seu discurso preconceituoso, conquistou mais de cinquenta milhões de cidadãos brasileiros que de esperançosos não tinham nada, apenas eram um retrato daquele que emanava assumir o poder e com seu fel exterminar e propagar ao obscurantismo vigente de outrora. A Morte neste nosso caso é o narrador-personagem, e pasmem, trabalha com à sua onisciência peculiar a qualquer narrativa infeliz – ele sabe o que acontecerá. Ele e Ela aqui se tratam das mesmas personagens. Possuem uma única forma, por isso a confusão muitas vezes entre os pronomes femininos e masculinos. Porém, a Morte e o gestor do País (se assim podemos classificá-lo, como um gestor) pertencem ao mesmo campo semântico. Salientando que na obra acima mencionada, a Morte é quem narra essa história.

Nesta obra que retrata os horrores da Segunda Grande Guerra, uma outra frase se apresenta para a analogia que se lê nestes escritos: “Como quase todo sofrimento tudo começou com uma aparente felicidade”. Segundo os eleitores de Jair Messias Bolsonaro, a intenção era retirar o PT (Partido dos Trabalhadores) da governança do País e depois caminharmos rumo ao Paraíso, vivendo dias dantes nunca vividos. Assim como os norte-americanos optaram por Trump em função da rejeição à Hillary Clinton, os judeus foram exterminados por Hitler com a acusação de serem os culpados pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Rejeições que perpassam ao campo político e deságuam nos mais vis sentimentos humanos: a raiva, o ódio, o preconceito, a xenofobia. Hitler dizimou uma população de mais de dez milhões de seres humanos; Donald Trump assim como o seu fiel escudeiro, Bolsonaro, assassinam centenas de milhares, por enquanto, com visões sustentadas pelo negacionismo, antiCiência e desprezo pela vida humana. Disseminam a mentira através de suas redes sociais e de seus seguidores em nome de uma doentia ficção arquitetada pelo Chefe do Executivo e seu grupo político.

Em nome da liberdade de expressão anunciam ao Apocalipse ao tocar as trombetas da insanidade e semear ao enxofre contido em postagens e discursos alicerçados pela mentira. Através destas bestialidades propagam ao ódio e convocam aos seus a tomada de medidas contrárias ao discurso científico difundido pelo mundo. O palco está montado, o circo com a lona cobrindo aos telespectadores, e você que alimenta ao espetáculo possui suas mãos sujas de sangue. Este de inúmeras pessoas que você não pode velar, pois em nome da vingança e injustiça você alçou ao poder a Morte e estabeleceu esse caos ao concordar ou não contrariar as maldades exaladas por ele. Não se esqueça, você é cúmplice de um jogo em que não suporta notar a ascensão dos mais humildes, pois, ainda, acredita que o dinheiro é sinônimo de caráter. Este que não se compra, nem muito menos se inicia com mentiras e se encerra com o dizimar de milhares de famílias, com a queda de centenas de aviões lotados, com milhares de covas mal abertas, com despedidas sem toques ou acenos, com a vida interrompida de maneira brutal e consciente por parte da Morte, que com o cetro empunhado carregará muito mais se nada for realizado.

E não me venham com destino, pois este traçado foi consciente e poderá ser interrompido a qualquer momento, basta desejar assim como ele desejou quando tentou explodir um batalhão e em entrevista difundiu que para o Brasil dar certo seriam necessárias uma guerra civil e a morte de uns trinta mil. Objetivo alcançado, e a superação do recorde que ele estabelecera. A Morte nos governa, até quando seremos dizimados? Urge a Vida ascender-se ao poder.

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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