Artigo: Bolsonarismo, pandemia, amizades

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Por: Luís Bassoli*

√ A eleição de bolsonaro causou impacto nas relações sociais e familiares.

  • Afortunadamente, não tivemos, no nosso núcleo familiar, nenhum caso de bolsominion, não enfrentei mudança nos relacionamentos domésticos.
  • Quanto às amizades, me deparei com fissuras que jamais imaginei que pudessem acontecer.
  • De início, foram discussões políticas, as divergências expostas, mas a amizade não estava em risco.
  • Porém, algo mudou com a pandemia e o distanciamento social.
  • Amigos de décadas se afastaram ou foram por mim afastados.

√ Penso que isso se deu por dois fatores:

  1. O fato de estarmos reclusos nos levou à reflexão sobre muitas coisas, o sentido da vida, os princípios éticos, as atitudes para nos proteger do coronavírus etc. etc.
  2. O comportamento genocida do “acéfalo inominável” que ocupa a presidência da República (nas palavras de Pedro Bial) deixa claro que ele está do lado errado da História.
  • Assim, o bolsonarismo não é assunto “político”, não se trata de opção esquerda/direita, liberalismo/intervencionismo – se trata de caráter ou da falta de!
  • Tenho amigos no PSDB, PT, PSol, MDB, PDT, PV, DEM; amigos socialistas; outros liberais convictos, enfim.
  • Mas… Não há como se ter amigos fascistas!
  • Cito a frase do psicólogo alemão Jens Foell, adaptada de uma sentença do humorista e militante negro norte-americano Chris Rock: “Se há dez pessoas em uma mesa, um nazista chega e se senta, e ninguém se levanta, então há onze nazistas na mesa”.
  • O provérbio vai ao encontro de outro ditado, solidificado pelo revolucionário espanhol Durruti: “Fascismo não se debate, se destrói”.
  • Dada a natureza nazifascista do bolsonarismo, não se trata, pois, de objeto de debate político-democrático; se trata de uma ilegalidade a ser combatida – e se um neofascista se sentar à minha mesa, haverei de me levantar.
  • Debate político se dá na ordem democrática, no âmbito do Direito e da dignidade humana: racismo, preconceito, misoginia/machismo não são “opiniões políticas”, são desvios de personalidade – e, do ponto de vista jurídico, são crimes!
  • O democrata (de esquerda, centro ou direita) não pode contemporizar com o bolsonarismo.
  • Ressalto a análise do General Santos Cruz, que foi comandante das Forças da ONU no Haiti e no Congo e ex-ministro de bolsonaro: “O grupo ideológico com acesso ao presidente não passa de bandidinhos vagabundos que manipulam a opinião pública”.
  • Encerro com outra frase, essa atribuída ao escritor Dave Barry: “Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa”.
  • Faz tempo que não tenho mais amigos que “maltratam o garçom”; agora, me desfiz dos que “maltratam a civilidade”. Espero reencontrá-los quando (ou se) retomarem a consciência.

√ Feliz 2021.

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos assinados não representam a opinião de O Defensor!

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