Eleições 2020: Quando você vota, você exerce um direito ou você cumpre um dever?

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Por: Luiz Roberto Vasconcellos Boselli*

Em quem você vai votar?” Uma pergunta simples…, mas a resposta é demorada… cria clima…e antes de responder, para ganhar tempo, devolve a pergunta. A resposta é rápida, “depois que você falar eu falo.” É um diálogo que pode acontecer com qualquer um. Entretanto, a pergunta simples, no Brasil de hoje, se torna um sério incômodo. Ainda mais que, nos tempos atuais, nos deparamos com um elenco de saltimbancos que se apresentam como candidatos. Não que nós eleitores não gostamos de votar – um direito e uma obrigação em nosso país – mas é que está difícil em quem confiar o nosso voto. O plantel de candidatos é variado, bem como o é de partidos. Então nós não queremos votar? QUEREMOS! Entretanto, a qualidade da ética dos candidatos, nos provocam estremadas desconfianças. Vejamos o que consta no sujo cardápio eleitoral:  temos o voto fácil (benemérito cabresto) que acontece nos rincões das terras dos neocoroneis no Nordeste. Uns caminhões pipa, alguns sapatos novos, roupas novas, utensílios culinários, variados brinquedos e etc. – valem muiiitooos votos. Temos as candidaturas de laranjas, cujo único objetivo é conseguir a percentagem de mulheres candidatas para cumprir legislação eleitoral. Temos candidaturas em que o candidato promete que vai cumprir integralmente o mandato, e descaradamente não o cumpre. Estelionato Eleitoral. Pelo Brasil afora temos o hipócrito mosaico de promessas feitas aos eleitores de vilarejos/comunidades/povoados/periferia das cidades: “o asfalto vai chegar, a água encanada chegará até aqui e o esgoto não vai mais feder?” “Vou construir um Cemitério novo para enterrar os defuntos mais frescos.” “Não é promessa! Vou construir, quando for eleito, mais poços de água e cacimbas, creches e escolas, enquanto isto mandarei um caminhão pipa para vocês (finda a eleição é comunicado a população que a verba não foi suficiente para atender as demandas).” “Também vamos tirar o trilho de trem do centro da cidade.” “Peguem um papelzinho com número para retirar uma cesta básica, lá no diretório não, vai na Centro Comunitário pegar a sua.” Novos beneméritos cabrestos, não muito novos, mas ainda contemporâneos, são os seguintes:  “Nóis somos os traficantes de Deus e vocês vão votá nesses candidatos que nóis tamo mostrando, que é bom prá nossa comunidade, eles são gente fina, são nosso mano, quem não comprovar que votou pode ter alguns probrema na nossa área, tá entendido? Vocês devem votar nos nossos candidatos, senão não votarem, pode acontecer da tv a cabo ser cortada, o gás vai ficar mais caro e os outros serviços também. Passem lá no Centro Comunitário e levem o título de eleitor, eles vão ficar com a gente e no dia da eleição você recebe na sua sessão, e retira uma cesta básica.” “Caros Irmãos nosso Templo, necessita de algumas obras, assim precisamos eleger o nosso amado irmão, que é iluminado por Deus (que vai nos ajudar), para isto contamos com vocês. No próximo culto tragam o seu título de eleitor que o nosso amado irmão fará um levantamento das sessões que vocês votam, amém”. Na poeira do tempo consta que um político queria revogar a lei da gravidade! Como seria se existisse uma Legislação que punisse o Estelionato Eleitoral? Não teríamos mais candidatos? A vacância de cargos seria uma consequência real? Ou tal vez surgissem candidatos que apresentassem planos de trabalho apenas e tão somente que estivesse na sua alçada? De qualquer modo, acerca desse assunto, dificilmente a realidade atenderá os nossos quereres eleitorais. Assim, então, o desfile de hipócritas terá continuidade, por todas as mídias, agora, sabe-se lá até quando – mas mais uma vez vamos assistir, com certeza, este espantoso filme. Como podemos classificar este evento? Um show de falsidade? De horror? Uma película tragicômica? Ou ficamos com uma traiçoeira pantomima plenamente desrespeitosa e rasteira? Porém, felizmente surge, no horizonte do cenário político, um movimento que leva à várias cidades a constituírem Conselhos Civis, Municipais e autônomos que apresentam agendas, nas mais diversificadas áreas, para candidatos a Prefeito e candidatos a Vereador. Esta Agenda apresenta sugestões de intervenções, segundo a demanda das reais  necessidades da população e não calcadas em quereres políticos, nas quais aponta onde e como usar adequadamente as verbas públicas e, pertinentemente visando a melhoria nas condições de vida dos cidadãos que residem no Município no qual este Conselho for organizado. Em Marília, será a primeira eleição Municipal, na qual os candidatos receberão a agenda formalizada do Conselho de Desenvolvimento Estratégico de Marília (CODEM). Agora, é também nossa obrigação fiscalizar as ações implantadas, ordenadas pelo Executivo Municipal e decididas pelo Legislativo. Devemos vigiar e perseverar na defesa da transparência na utilização do erário público. “Deverasmente, dizendo e falando, é chegada a hora de arregaçarmos as mangas e as mãos!”

*Dr. Luiz Roberto Vasconcellos Boselli – [email protected]

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