Vacinação reduz risco de doenças infecciosas e mortalidade em bebês prematuros

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Calendário segue idade cronológica e deve ser respeitado por pais e médicos.

Por: Cristiane Bomfim, da Agência Einstein

Considerada um dos meios mais eficazes para combate de doenças infecciosas, a vacinação é uma importante ferramenta para a saúde e redução de mortes nos primeiros anos de vida entre bebês que nasceram prematuros. Isso porque, quanto menor a idade gestacional menos desenvolvido é o sistema imunológico ao nascer. Bebês que nascem com menos de 28 semanas de gestação, por exemplo, têm risco 5 a 10 vezes maior de contrair um processo infeccioso. Mesmo assim, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as taxas de atraso vacinal no Brasil neste grupo variam de 30% a 70%, com tempo médio de atraso entre 6 a 40 semanas.

De acordo com documento publicado pela SBP com orientações para pediatras e neonatologistas, um dos principais motivos para adiamento ou atraso da vacinação de pretermos é a falta de conhecimento sobre o funcionamento da resposta imunológica nestes recém-nascidos. As vacinas estimulam a imunidade específica dos bebês, que é exercida pelos anticorpos. “Apesar de terem uma resposta imunológica mais imatura em relação ao bebê de termo, geralmente os prematuros respondem bem às vacinas, dose e intervalos”, explica Vitor Nudelman, pediatra e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.  

A vacinação de prematuros segue o mesmo calendário dos bebês nascidos a termo. A exceção fica por conta da vacina BCG-ID, que só deve ser dada após o recém-nascido atingir 2 Kg. Além disso, pretermos devem tomar uma dose de reforço a mais da vacina para Hepatite B, um mês após a primeira dose, seguindo o esquema 0 – 1 – 2 e 6 meses.

Vacinação – Foto: Agência Brasil

Reações adversas

De acordo com SBP não há contraindicações para vacinação de prematuros, desde que eles não estejam em condições clínicas instáveis ou com algum processo infeccioso em curso, mas é importante acompanhar o bebê de perto no momento e nas horas seguintes à imunização para tratamento de eventuais reações adversas.

Há descrições médicas que mostram que a aplicação da vacina tríplice bacteriana de células inteiras (que protege contra coqueluche, difteria e tétano) em prematuros com idade gestacional menor que 31 semanas está associada ao aumento de episódios de apneia e convulsões. “Por isso, a recomendação é que prematuros recebam preferencialmente vacina tríplice acelular, que é produzida com proteínas e não com células inteiras e oferece menos reações adversas”, diz Nuldeman.

Para a vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Poliomelite e Haemophilus e influenzae tipo B) administradas em prematuros com 2 meses idade cronológica, foram registrados eventos cardiorrespiratórios após a aplicação, como diminuição da frequência cardíaca e apneia com percentuais que variam de 11% a 47% de acordo com o tempo gestacional. “Estratégias como o uso de anti-inflamatórios não hormonais, como a administração de ibuprofeno, trinta minutos antes da vacinação, parecem diminuir o número de eventos cardiorrespiratórios relacionados à vacina pentavalente”, orienta o médico.

Fatores que aumentam as chances de doenças infecciosas em prematuros:

  • A própria causa de nascimento pretermo, infecção urinária e outras doenças infecciosas maternas;
  • Vias aéreas de menor calibre, que os tornam mais vulneráveis às infecções respiratórias;
  • Menor reserva energética;
  • Desmame precoce;
  • Infecções frequentes;
  • Doença pulmonar crônica da prematuridade;
  • Necessidade de cateteres e punções frequentes;
  • Internação prolongada;
  • Anemia;
  • Uso frequente de corticosteroides;
  • Uso de hemoderivados e transfusões.

(Fonte: Agência Einstein)

 

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