Descomplicando a pediatria – Tempo de Tela

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou em Fevereiro de 2.020, no dia 11, data em que se comemora o Dia da Internet Segura, o Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar de crianças e adolescentes em contato constante com tecnologias digitais, como smartphones, computadores e tablets. O documento, elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da SBP, complementa e atualiza as recomendações lançadas pela entidade em 2016 sobre o tema.

Recomendações – Segundo o documento, as novas mídias preenchem vácuos – ócio, tédio, necessidade de entretenimento, abandono afetivo ou mesmo pais ‘ultraocupados’, muitas vezes, com seus próprios celulares. As consequências, tanto do acesso a conteúdo inadequado quanto do uso excessivo, têm sido constatadas nos relatos de acidentes, abusos de privacidade, distúrbios de aprendizado, baixo desempenho escolar, atrasos no desenvolvimento, entre outros.

“Dada a urgência do tema, decidimos atualizar as orientações da SBP para auxiliar pediatras, pais, responsáveis e educadores a evitar os principais agravos advindos da utilização inadequada das tecnologias digitais e, ao mesmo tempo, estimular práticas saudáveis nessas novas ferramentas”, destacam os especialistas do GT da SBP.

Entre as principais orientações atualizadas pelo novo Manual de Orientação da SBP, destacam-se:

  • Evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas, mesmo que passivamente;
  • Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre dois e cinco anos;
  • Limitar o tempo de telas ao máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre seis e 10 anos;
  • Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noite” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos;
  • Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma a duas horas antes de dormir;
  • Oferecer como alternativas: atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão responsável;
  • Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;
  • Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados; saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam), é responsabilidade legal dos pais/cuidadores;
  • Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.

Problemas para a saúde – Para a SBP, as experiências adquiridas por crianças e adolescentes por meio das telas – como a aprendizagem da agressividade e intolerância manifesta nos jogos e redes –, se não forem melhor reguladas, terão impacto no comportamento e estilo de vida até a fase adulta.

“Cada vez mais, são importantes as ações de alfabetização midiática e mediação parental para ensinar às famílias, escolas, empresas de comunicação e tecnologia e também pediatras a respeito do uso ético, seguro, saudável e educativo da internet”, propõe o texto. Entre os principais problemas médicos que podem afetar a saúde da população pediátrica, constam:

  • Dependência Digital e Uso Problemático das Mídias Interativas;
  • Problemas de saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão;
  • Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade;
  • Transtornos do sono;
  • Transtornos de alimentação: sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia;
  • Sedentarismo e falta da prática de exercícios;
  • Bullying & cyberbullying;
  • Transtornos da imagem corporal e da autoestima;
  • Riscos da sexualidade, nudez, sexting, sextorsão, abuso sexual, estupro virtual;
  • Comportamentos autolesivos, indução e riscos de suicídio;
  • Aumento da violência, abusos e fatalidades;
  • Problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador;
  • Problemas auditivos e PAIR, perda auditiva induzida pelo ruído;
  • Transtornos posturais e músculo-esqueléticos;
  • Uso de nicotina, vaping, bebidas alcoólicas, maconha, anabolizantes e outras drogas.

Crianças pequenas – O Manual de Orientação da SBP traz também ressalvas sobre o hábito cada vez mais frequente de oferecer para a criança o smartphone ou celular utilizado pelos pais, como forma de distrair a atenção do bebê. Denominada de distração passiva, a prática é resultado da pressão pelo consumismo dos “joguinhos” e vídeos nas telas, algo prejudicial e frontalmente diferente de brincar ativamente, um direito universal e temporal de todas as crianças em fase do desenvolvimento cerebral e mental.

Classificação indicativa – A publicação destaca ainda a importância de pais e responsáveis estarem atentos à ferramenta de Classificação Indicativa, promovida no País pelo Ministério da Justiça e Cidadania. Um portal e guia prático estão acessíveis para consultas sobre quais games, filmes, vídeos e outros conteúdos são – ou não – recomendados de acordo com a idade e a compreensão das crianças e adolescentes.

Os critérios são determinados como livre, com exibição adequada em qualquer horário e para qualquer faixa etária, ou inadequados para idades abaixo de dez, 12, 14, 16 e 18 anos. “Os conteúdos não estão proibidos ou censurados, são sugestões. Os pais podem discordar ou denunciar qualquer conteúdo direto com as emissoras de televisão, anunciantes, patrocinadores, empresas de comunicação em relação à responsabilidade social, ou podem também denunciar ao Ministério Público e às entidades de proteção”, reforça o texto.

SEGUE ABAIXO, algumas das muitas repercussões após a abordagem desse tema:

  • TV BRASIL – Pediatria lança manual com orientações sobre uso de telas e internet
  • O GLOBO – Sociedade Brasileira de Pediatria lança manual com orientações sobre uso de telas e internet
  • EXTRA – Como limitar o uso de tela sem causar conflito em casa; confira 20 dicas
  • EXTRA – Tecnologia afeta fala e linguagem dos bebês, aponta Sociedade Brasileira de Pediatria
  • CBN VITÓRIA – Pediatras alertam sobre uso excessivo de celular e computador
  • ZERO HORA – Sociedade Brasileira de Pediatria cria manual de práticas sobre o uso de telas por crianças e adolescentes
  • A TRIBUNA – Médicos criam manual sobre riscos do uso de celular por crianças
  • YAHOO – Tecnologia afeta fala e linguagem dos bebês, aponta Sociedade Brasileira de Pediatria
  • RÁDIO BRASIL CENTRAL – Especialista da SBP comenta riscos do uso excessivo de telas
  • DIÁRIO DO NORDESTE –Editorial: O caminho do meio
  • BEBÊ.COM.BR –Menos telas, mais saúde, pede Sociedade Brasileira de Pediatria em manual
FM CULTURA – Entrevista com a dra Evelyn Eisenstein sobre o Manual de Orientação #Menos Telas #Mais Saúde (em 18 min e 41 s)

Referências

  1. Texto: sobre exposição de telas às crianças! https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-atualiza-recomendacoes-sobre-saude-de-criancas-e-adolescentes-na-era-digital/Obrigada🧒🏽👶🏼❤️📺📲💻

Dra. Patrícia Zanin Kamada – Pediatria

IG pessoal: patyzkamada

IG profissional: drapatyzkped

*Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião de O Defensor!

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