A falta de educação para com os profissionais da Educação

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Por: Prof. Sérgio A. Sant’Anna

As vanguardas são representações do nosso mundo cultural que reforçam a necessidade do progresso. Embora exista discordância, salutar em regimes democráticos e abertos ao diálogo, opiniões necessitam florescerem, porém o senso comum, quando brada sobre assuntos específicos e que exigem profundidade temos uma conduta retrógrada baseada na censura para tentar impor seu clamor. Nos últimos anos cansamos de assistir o berro popular ignorando à Lei e dessa saindo vitorioso.

Há alguns meses (é histórico esse comportamento), nota-se de maneira corriqueira opiniões sobre o fato de se abordar este ou aquele assunto em uma escola. Dizeres muitas vezes ofensivos e raivosos provindos de seres, que babam, envenenam-nos com sua saliva,  atentando contra a maneira do docente abordar o conteúdo que confere a esta ou aquela disciplina. Humanos que leram notícias procuradas no Oráculo Google (depende do ponto de vista) e disseminadas como se fossem metas, verdades, padrões. Porém, esquecem-se que há toda uma programação, planejamento, reuniões, gerenciadas por especialistas em Educação, que procuram seguir metas não só elaboradas por Educadores, mas por Legisladores que, infelizmente, interferem nesta área. Todavia, leis estão dispostas e devem ser cumpridas.

O professor através dos PCNs, Constituição, LDB, BNCC segue uma proposta que agregue todo cidadão, independentemente do seu credo religioso, sua ideologia política, gênero, etnia etc. O objetivo é procurar mostrar a diversidade para assim agregar, provocar a generosidade, a união (que os Legisladores não possuem) e através disso formar seres humanos capazes de não só olhar com a visão da razão, mas com a íris da subjetividade elementos do amor. Aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a conhecer são os quatro pilares da Educação baseados no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors. No relatório editado sob a forma do livro: “Educação: Um Tesouro a Descobrir” de 1999, a discussão dos “quatro pilares” ocupa todo o quarto capítulo, onde se propõe uma educação direcionada para os quatro tipos fundamentais de educação: aprender a conhecer (adquirir instrumentos de da compreensão), aprender a fazer (para poder agir sobre o meio envolvente), aprender a viver juntos (cooperação com os outros em todas as atividades humana), e finalmente aprender a ser (conceito principal que integra todos os anteriores).  Estas quatro vias do saber, na verdade, constituem apenas uma, dado que existem pontos de interligação entre elas, eleitos como os quatro pilares fundamentais da educação. O ensino, tal como o conhecemos, debruça-se essencialmente sobre o domínio do aprender a conhecer e, em menor escala, do aprender a fazer. Estas aprendizagens, direcionadas para a aquisição de instrumentos de compreensão, raciocínio e execução, não podem ser consideradas completas sem os outros dois domínios da aprendizagem, muito mais complicados de explorar, devido ao seu caráter subjetivo e dependente da própria entidade educadora. Um dos maiores desafios para a educação será a transmissão, de forma maciça e eficaz, da informação e da comunicação adaptadas à civilização cognitiva (pois estas são as bases das competências do futuro). Simultaneamente, compete ao ensino encontrar e ressaltar as referências que impeçam as pessoas de ficarem ilhadas pelo número de informações, mais ou menos efêmeras, que invadem os espaços públicos e privados. Assim como, orientar os educandos para projetos de desenvolvimento individuais e coletivos.

Diante desta justificativa pormenorizada e clara, para aqueles que conseguem ler além da decodificação de caracteres, não resta dúvida, que você, aqueles que acreditam que apenas os números são a Matemática ou a Ortografia e Caligrafia são essenciais em Língua Portuguesa, age com ignorância (daí a necessidade da leitura minuciosa e profunda), desconhecimento de causa, um eterno dissabor humano. Talvez seja um desses que tentam resolver problemas pessoais ao discordar e implicar com algo que não o cabe.

Diante da Língua Portuguesa ou Redação, disciplinas que busco incansavelmente conhecer sempre mais (para isso a necessidade da leitura também) não há mais brechas para de forma isolada fazer com que o aluno conjugue verbos, saiba os modos, tempos, números, pessoas sem que estes estejam relacionados com o texto, com o cotidiano discente. Artigos de jornais, HQs, charges, trechos de livros, cenas de telenovelas, filmes, séries etc. tem a dinamicidade alicerçada pelo verbo (“…e tudo se fez verbum…”). Não posso criar apenas o dono de uma memória poderosa, porém a necessidade do fortalecimento de um ser que saiba resolver problemas, que note o verbo conjugado no seu dia a dia e o relacione à sua vida. O Ensino da Leitura ou da Redação não pode ficar morto, como durante décadas, atrelados à memorização, ao misticismo que endeusava este ou aquele, ao estudo de caligrafia ou mesmo a memorização como muitos almejavam. Ler nas entrelinhas, sair de estado comum, dessa zona de conforto faz-se necessário.

Quando o obscurantismo, atrelado a esse lado plúmbeo desponta e ganha proporções através de ideias retrógradas e incapazes de enxergar o futuro, vemos que algo de errado aconteceu nesse propósito educacional: ou este cidadão frequentou àquela Escola apenas depositária ou pertence a uma legião de insurgentes que apenas necessitam ficar nas vitrinas. Um narcisismo exacerbado, necessário para sua reascensão ao Poder. O escuro só pode ser vencido quando a luz o domina, e esta tem o professor como o seu condutor. Não se doutrina discentes (apesar de que somos paradigmas), mas diante da ignorância que nos povoa o ensinar a pensar e refletir torna-se inevitável. Leio, logo existo! Penso, logo saio desse obscurantismo!

*Prof. Sérgio A. Sant’Anna – Taquaritinguense.  Professor de Redação e Língua Portuguesa na Rede Luterana de Ensino de Porto Alegre e Região Metropolitana; Professor na Rede Universitário de  Cursinhos Pré- Vestibulares do Rio Grande do Sul e Professor de Atualidades e Redação do Certo Vestibulares em Porto Alegre.

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