20 de novembro de 2024
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Artigo: Uma reflexão humanística para os tempos atuais

Por: Thales Aguiar*

Por acaso você já parou para repensar o quanto nos falta de compreensão sobre nossa existência?  Nessa ocasião, já se questionou o quanto nossos sentidos poderiam absorver em tudo que fazemos para transformar nosso cotidiano, onde na maioria das vezes é inerte?  E eu te desafio a responder, você é uma versão ou uma cópia? Perguntas estas das quais me faço todos os dias. Anteciparia minha pretensão se tivesse tanta convicção que já encontrei todas as respostas, porém é uma das alternativas que me move na busca de reformulações e ressignificações de ideias próprias e não somente acreditar em opiniões convictas, muitas vezes arbitrárias. Encontrar definições nas palavras, em minhas próprias dúvidas, nas quais são talvez as reflexões que nos fazem persistir no caminho do autoconhecimento.

Propósito este de expressar nossa natureza humana, por mais que o mundo coloque objeções à caminhada. Somos esse quebra cabeça, cada ser humano, sendo uma peça única que se ajusta na sincronicidade de um objetivo maior. Tudo se encaixa tudo entra em fluxo. Essa mesma sincronicidade que para o autor renomado Carl Jung (grande pensador da psicologia analítica) definiu como os acontecimentos que se relacionam não por relações causais e sim por combinações de significados. Por isso uma experiência vivencial é sempre uma enumeração de elementos que se ajustam por terem aspectos iguais ou semelhantes, pressupostas “coincidências significativa”.

Talvez a busca que deveríamos ter: uma consciência esclarecida através da coerência investigativa, pautada na realidade de cada um. Receitas prontas não nos tornarão bons confeiteiros. É oportuno estudar, examinar e acima de tudo, compreender os ângulos das possibilidades, das expectativas e perspectivas experimentais. O que diria os pensadores e filósofos do passado, percussores de toda humanidade, quando encontramos nos dias de hoje tantas fórmulas prontas de autoajuda e tantos tutores para isto e/ou para aquilo?

A humanidade tem passado por momentos de grande obscuridade. Perdemos o senso das reflexões produtivas, da sensibilidade emocional e da tolerância das diferenças. Rotina que nos colocaram juntamente com toda tecnologia, seres aborrecidos e depressivos, desaprendemos, como já dizia o nosso amado Rubem Alves, “o processo transformador da escutatória”. Perdemos também nossa identidade e estamos no ápice do egocentrismo, onde cada um já não mais necessita de alguém para se reafirmar enquanto existência humanística, mas acha-se em constante e temerário círculo (looping) de enaltecimento de sua própria imagem. Em outra parte, assistimos atentos que estamos em uma sociedade doente, alguém que viu o lado mais doloroso da vida e agora o que há de mais sujo entre todos nós, são os olhos daqueles que subjugam seus reflexos sórdidos e almas que transbordam de uma falsa alegria, embora sejam tristes, não enxergam as escadarias das mazelas humanas. Cabe com urgência, entendermos que somos do universo a exclusiva originalidade da perfeita criação. Homem e mulher, uma invenção da natureza, sem modismos, sem discursos politicamente corretos, com o objetivo de serem vozes e não ecos.

*Thales Aguiar é escritor e jornalista

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.