Artigo: Uma data marcante
Por: Rodrigo Segantini
16 de agosto é um dia marcante para todos nós, mas para mim em especial. 16 de agosto é o dia do aniversário da minha esposa Adriana, que é mãe do meu filho. Infelizmente, ela faleceu, como acredito que a maioria dos meus amigos leitores sabem, após ficar um ano e três meses em coma em razão de um acidente automobilístico. Ainda assim, celebro essa data como sendo seu aniversário para homenagear sua vida, precocemente encerrada, porque é graças a essa dádiva concedida por Deus que pude conhecê-la, me casar com ela e receber Arthur em meu colo.
Também por outro motivo 16 de agosto é uma data marcante para boa parte de nós. Neste dia, em 1977, no mesmo ano em que nasci, morria Elvis Presley. Muita gente gosta do trabalho que esse astro fez para a música e pela cultura pop. Não é à toa que ele é chamado de “O Rei do Rock” e até hoje é o artista que mais emplacou sucessos na história e ainda é o que mais fatura na indústria musical individualmente. Com sua voz e com seu gingado, ele revolucionou o mundo, porém seu fim não foi tão glorioso. Quem se lembra dele pouco tempo antes de sua morte ou quem assistiu à cinebiografia a seu respeito lançada recentemente sabe que foi bem triste o que houve com Presley, que morreu sozinho, sofrendo e adoecido.
Mas para nossa cidade 16 de agosto tem uma razão diferenciada para ser celebrado. Embora muitos de nossos cidadãos acreditem que estejamos festejando o aniversário da fundação de Taquaritinga, a verdade é que estamos celebrando a data de sua emancipação política-administrativa, quando deixamos de ser distrito de Jaboticabal para nos tornarmos um município independente. Mas, por obra e arte dos professores da Escola 09 de Julho, tendo à frente o saudoso professor Arnaldo Ruy Pastôre, convencionou-se que Taquaritinga celebraria como data magna não a sua fundação, mas sim sua emancipação.
Eu, como um geminiano com ascendente em gêmeos e lua em touro, não acredito em astrologia. Mas quem acredita sabe que quem nasce em 16 de agosto é do signo de leão e tem entre suas características a lealdade e a coragem. Todos sabemos que, de fato, essas são qualidades de nossa gente: quando a República foi instituída, nosso povo lutou pela manutenção da monarquia, havendo uma coroa em nossa bandeira como legado deste evento; quando estourou a Revolução Constitucionalista de 1932, nosso povo foi às trincheiras para lutar pela legalidade e contra o golpe de Getúlio Vargas.
De fato, temos muito a comemorar. Embora seja uma cidade de porte médio e interiorana, que sofre com as pressões que as demandas que abalam o país como um todo, Taquaritinga não é um território onde há ruas e prédios. Taquaritinga é o povo que está estabelecido aqui. Taquaritinga são as pessoas valentes que, dia após dia, enfrentam os desafios que a vida lhes impõe de sol a sol, buscando oportunidades em meio a um mundo cada vez mais globalizado, tão diferente do tempo em que o Brasil era um império ou que um caudilho poderia tomar a presidência do país só porque assim ambicionou.
O tempo passou e Taquaritinga soube se manter fiel a seus valores. Aqui, somos todos uma grande família, como eram aquelas que chegaram no século XIX vindas da Itália, como ainda são aquelas que vêm de todas as partes de outras regiões do país, em busca de melhores oportunidades. Aqui, somos todos amigos e companheiros, havendo uma solidariedade arraigada em nossa cultura e em nossos melhores sentimentos, uma empatia quase ética que nos torna unidos e fiéis uns aos outros. Aqui ainda frequentamos as casas dos vizinhos, ainda nos reunimos nas ruas e nas praças, ainda nos conhecemos pelo nome. Taquaritinga é uma terra dourada, escondida em um mundo cruel e que soube se preservar do tempo.
Feliz aniversário para Taquaritinga! Mas mais felizes ainda somos nós, que podemos celebrar essa data e esse amor!
*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.