25 de novembro de 2024
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Artigo: Foi dada a largada

Por: Rodrigo Segantini*

01 de maio, todos sabemos, é o Dia do Trabalho. No entanto, poucos sabem a razão para essa data ter sido escolhida para tal celebração. Aconteceu que em Chicago, EUA, em 01 de maio de 1886, foi iniciada uma greve reivindicando melhores condições de trabalho. Porém, houve confrontos com a polícia, o que resultou em mortes de trabalhadores, o que causou uma enorme comoção no mundo inteiro e levou a uma revisão nas leis de vários países sobre as relações de emprego.

No Brasil, há algumas décadas, essa efeméride foi cooptada por movimentos identificados com o espectro socialista, que promovem verdadeiras festas com a desculpa de celebrá-la. Na verdade, todos sabemos que isso é uma desculpa para agitar a militância e difundir seus ideários. Deste artifício, se valeram Lula e o PT, mas foram seguidos pelo vácuo por outros partidos e também por sindicatos. Um festejo que deveria ter um propósito de comemorar o trabalho e o trabalhador foi aos poucos evoluindo para uma celebração partidária até se tornar o culto a um líder, a sua pauta e ao seu governo.

Ocorre que, desde o fracasso da gestão de Dilma Rousseff na presidência da República, o que levou à busca por alternativas para liderar nosso país que culminaram na ascensão da chamada “direita”, supostamente ligada a uma proposta “conservadora”, surgiram outros grupos que passaram a também usar o 01 de maio para criar uma identidade que afrontasse politicamente a liderança vigente. À frente de tal iniciativa, estiveram grupos tidos populares, como Vem pra Rua e MBL, e mesmo outros identificados com um segmento social, como a Fiesp e outras entidades ligadas ao empresariado. Como a esquerda incensou Lula, a direita precisava de alguém para personificar seu bumbo. A escolha acabou caindo em Bolsonaro.

Desta forma, há cerca de cinco anos, o 01 de maio se tornou uma data que marca um embate entre esquerda e direita para ver quem reúne mais gente. A ideia é que aquele que marcar uma aglomeração maior deve ser aquele que conta com mais apoio popular. Essa disputazinha mesquinha fez com que a efeméride perdesse seu propósito e se tornasse uma desculpa para medir a força dos movimentos e agremiações envolvidos. Nada disso, no entanto é de fato em prol do trabalhador.

Isso acaba desnudando uma realidade incômoda: Bolsonaro e Lula são as duas faces da mesma moeda. Uma à esquerda, uma à direita, mas que servem de preço para pagar pelo mesmo serviço. Ambos são líderes personalistas, que querem se posicionar à frente de movimentos políticos que agregam vários grupos partidarizados, os quais objetivam ao fim e ao cabo cooptar o governo para defender seus interesses e de seus asseclas.

Lula e Bolsonaro são a mesma pessoa, têm a mesma conduta, cometem os mesmos erros. Lula e Bolsonaro têm uma base de apoio formada por pessoas que insistem em defendê-los cegamente, que se recusam a enxergar evidências desfavoráveis de suas características, que não aceitam críticas a suas posturas. Lula e Bolsonaro tiveram oportunidade de ser presidente do Brasil e ambos deixaram muito a desejar durante suas gestões.

01 de Maio é quando celebramos o Dia do Trabalho. Tendo em vista o que houve nesta data em 2022, trabalho mesmo teremos nós, eleitores, para separar o joio do trigo, para escolher o candidato que deve representar nossos ideais e promover a satisfação de nossos anseios sociais. Sem dúvida alguma, foi dada largada para a corrida eleitoral deste ano. A tristeza que sinto neste momento é de perceber que, ganhe Lula ou Bolsonaro, seremos nós, o povo que seremos ao final os vencedores.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.