Artigo: Invasão da Ucrânia – 2 Meses
Por: Luís Bassoli*
- A Operação Militar Especial, nomenclatura dada por Moscou para a Invasão da Ucrânia, completou dois meses.
- A denominação Operação Especial é enigmática, significa que a Federação Russa não mobilizou toda sua capacidade militar, industrial e econômica – e nem mesmo diplomática – para uma “guerra total”.
- O Kremlin teria posto em prática um processo de “dissuasão” e não de “ocupação/anexação”, com ataques pontuais, emprego de equipamentos de menor poder de destruição – e a força aérea está sendo, nas palavras do coronel estadunidense Douglas McGregor, “gentil”.
- A empreitada é uma reação à negativa da Ucrânia ao “ultimato” dado por Moscou para abandonar a ideia de ingressar na OTAN.
- A possibilidade de a Ucrânia se tornar membro da OTAN é vista, pelos militares russos, como um “risco existencial” ao país – exatamente como Washington pensou na Crise dos Mísseis cubanos nos anos 1960.
- Acontece que o uso, mesmo “moderado”, das poderosas forças russas já é suficiente para causar danos catastróficos à Ucrânia.
- Está claro que a Rússia não busca, por ora, a “ocupação” total do vizinho; caso fosse essa a intenção, teria usado, de forma maciça, os modernos caças Mig-35, Su-35 e Su-57, os bombardeiros estratégicos Tu-160 e Tu-22, os mísseis balísticos Kinzhal (hipersônico) e Iskander, além das forças navais (navios e submarinos) no Mar Negro e Mar de Azov.
- Nessas últimas semanas, parece que o exército russo adotou uma nova estratégia, deslocando suas principais forças para as regiões sul e sudeste do país invadido, aparentemente para preparar uma anexação somente dessas áreas, enquanto a Ucrânia passa a receber armas e equipamentos dos EUA.
- A preocupação, a partir de agora, é se o engajamento das forças da OTAN nos combates não levará a Rússia a decidir pelo uso de seu apocalíptico arsenal nuclear – reiterando que, na visão do Kremlin, o avanço da OTAN seria um “risco existencial” ao país.
- Recentes pesquisas mostram que o presidente Vladimir Putin tem a confiança de cerca de 80% da população russa; as potências nucleares China, Índia e Paquistão não condenaram a invasão da Ucrânia, o que é entendido como um apoio tácito às ações do invasor.
- Por fim, é certo que a Rússia não irá recuar da decisão de impedir o ingresso da Ucrânia na OTAN, assim como os EUA não recuaram na questão da instalação dos mísseis soviéticos em Cuba.
* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.