23 de novembro de 2024
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Artigo: Uso de farelos contribui para corrigir a nutrição de bovinos

Suplementação é necessária em casos de déficit proteico e energético na dieta dos animais.

Por: Letícia de Souza Santos

Na pecuária, os bons índices de produtividade estão relacionados a alguns fatores. Um deles é a alimentação. Analisando a atividade no Brasil, que tem como base a produção de bovinos a pasto, verificamos que a base da alimentação sólida dos animais é a pastagem.

Para que eles possam expressar todo o seu potencial genético para a produção, seja ela de corte ou de leite, é necessário, primeiramente, atender as exigências de nutrientes para mantença desses bovinos, para, então, cumprir os requisitos de produção, e posteriormente, de reprodução. Como a maioria dos solos brasileiros sofre pela deficiência de nutrientes, a nutrição do rebanho precisa ser corrigida via adubação das pastagens e/ou suplementação dos animais.

A suplementação pode ser realizada de quatro principais formas: apenas com minerais; com minerais e aditivo; com minerais, aditivos e fontes proteicas; com minerais, aditivos e fontes proteicas e energéticas. A decisão de qual tipo de suplemento utilizar depende da pastagem existente na propriedade, da categoria animal, do nível de produção, da infraestrutura da propriedade e da interação entre diversos outros fatores, como manejo, mão de obra e fluxo de caixa.

Nos tipos mineral proteico e proteico-energético, os suplementos são fornecidos para auxiliar os animais a alcançarem maior desempenho, em ocasiões que a proteína e/ou energia são os nutrientes limitantes. Uma estratégia para compor a fração proteica destas suplementações é utilizar farelos proteicos, caracterizados por possuírem acima de 20% de proteína bruta (PB) em sua composição. Nos casos em que atuam como fonte energética, os farelos desta classe apresentam menos de 20% de PB.

Entre os farelos energéticos mais utilizados atualmente estão o de milho, o de casca de soja e o de polpa cítrica. O milho é a principal fonte energética na composição das rações e suplementos.  Aliado a outros ingredientes, ele possibilita uma dieta de acordo com o propósito de criação do animal.

O alto teor de amido deste grão o torna a principal fonte energética para os bovinos. Além disso, este farelo serve como base para os preços de outros farelos energéticos, seguindo a tendência de alta ou baixa. Em 2021 o preço do milho esteve elevado, pressionando, assim, a busca por fontes alternativas nas dietas dos animais.

A casca de soja, uma destas opções, consiste na parte externa do grão de soja e é obtida por separação no processamento para a extração do óleo. Ela tem sido bastante utilizada em substituição parcial ou total do milho em alguns suplementos, por prover quantidade satisfatória de proteína bruta, possuir boa palatabilidade e aceitação pelos animais.

Outra alternativa é a polpa cítrica, um concentrado energético que consiste das cascas, polpas e sementes desidratadas e peletizadas resultantes da extração do suco de laranja. Em regiões em que há disponibilidade deste subproduto, é nutricional e financeiramente vantajoso substituir parcialmente ou totalmente o milho nas formulações, dependendo do custo por tonelada.

Já os farelos proteicos mais comumente empregados na dieta animal são de soja, de algodão e DDG (grãos secos de destilaria). Na soja, o farelo corresponde a, aproximadamente, 80% do conteúdo do grão e é obtido no processo de extração de óleo.

Este é um dos ingredientes de maior importância para utilização em suplementos e rações animais por possuir alto teor de proteína (45% de PB). Assim como o milho é o balizador para as fontes energéticas, o farelo de soja é o guia para os preços das fontes proteicas.

O farelo de algodão tem origem no caroço de algodão após a extração do óleo. Ele pode ser utilizado em substituição ao farelo de soja, pois sua porcentagem de proteína bruta varia entre 28% e 38%.

O DDG é um concentrado proteico coproduto do processamento do milho para a fabricação do etanol. Ele representa uma excelente alternativa para a nutrição animal, pois possui um bom nível de proteína e, dependendo da região do país, pode possuir um custo mais baixo.  O DDG utilizado com mais frequência na alimentação de bovinos possui cerca de 30% de PB.

O mix de farelos na composição dos produtos proporciona níveis adequados de proteína e energia, para que os animais tenham a melhor qualidade possível.

*Letícia de Souza Santos – zootecnista, Responsável Técnica da Minerthal.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.